Dallagnol ironiza “tristeza” alegada por Toffoli em anulações da Lava Jato
"A fala de Toffoli só pode ser um deboche ou uma chacota", afirmou o ex-procurador da Lava Jato
O ex-deputado Deltan Dallagnol ironizou nesta quarta-feira, 16, a alegada “tristeza” que o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, disse sentir, durante manifestação na Segunda Turma, ao anular os processos, condenações e provas da Lava Jato com decisões monocráticas.
“O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, disse hoje que anula ‘com muita tristeza’ os processos, condenações e provas da Lava Jato, devido a ‘erros’ na origem dos processos.
A fala de Toffoli só pode ser um deboche ou uma chacota, já que o ministro anulou, por exemplo, todos os atos da Lava Jato contra Marcelo Odebrecht, alegando um suposto ‘conluio’ entre procuradores e juízes. No entanto, o acordo de colaboração de Marcelo foi firmado em Brasília, pela PGR, e homologado pelo próprio Supremo, e não em Curitiba.
Toffoli também anulou casos da Justiça Estadual do Paraná contra Beto Richa, alegando ‘conluio’, o que também não faz sentido, já que a Lava Jato tramitava na Justiça Federal. Qual é a explicação de Toffoli para isso? Ficou tão triste que não percebeu que anulou casos que não se encaixam na sua falsa narrativa de conluio?
Toffoli ainda reclamou que ninguém divulga que ele negou outros 140 pedidos de nulidade de réus e investigados da Lava Jato. Sim, ministro Toffoli, realmente nós, brasileiros, devemos bater palmas para você por não derrubar ainda mais casos graves de corrupção punidos pela Lava Jato”, escreveu o ex-promotor da Lava Jato no X.
A alegada “tristeza” de Toffoli
O ministro Dias Toffoli, do STF, afirmou na terça, 15, anular “com muita tristeza” as provas colhidas pela Lava Jato sem a possibilidade de defesa dos réus.
“É o Estado que andou errado, o Estado investigador e o Estado acusador. E o Estado juiz está exatamente para colocar os freios e contrapesos e garantir aquilo que a Constituição dá ao cidadão, que é a plenitude da defesa. Todos nós sabemos onde levou a ausência de plenitude e defesa e como se deram processos feitos de uma maneira incorreta e ilegal”, afirmou.
“É lamentável quando nós [ministros] temos que declarar um ato de estado ilegal, mas o erro foi cometido na origem”, acrescentou. “Assim é a razão de ser de uma corte constitucional.”
Ao defender suas decisões monocráticas, Toffoli disse que o STF julga toda semana as decisões porque as partes pedem que leve ao colegiado.
“Em muitos casos o Ministério Público sequer recorreu de deferimento porque era patente a extensão, e recorreu em dois ou três casos de maior repercussão e sabemos o porquê que isso ocorre”, afirmou.
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