Crusoé: Pato manco?
Arthur Lira é escanteado das conversas sobre a sua própria sucessão e hoje corre o risco de ter o mesmo destino de Rodrigo Maia
Ao tentar comandar a sua própria sucessão, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), tinha um plano. Plano com começo, meio e fim, as peças bem encaixadas. A ideia era esta: ele endossaria uma candidatura, daria sinal de força ao Palácio do Planalto, faria uma transição tranquila e sem sobressaltos e sairia do processo com a titularidade de um ministério – provavelmente o das Cidades ou Micro e Pequena Empresa. Tudo em casa.
Mas, como escreveu Carlos Drummond de Andrade, havia uma pedra no meio do caminho. E essa pedra se chama Marcos Pereira, deputado paulista que preside o Republicanos.
Inconformado por ter sido escanteado por Lira nas conversas sobre sua sucessão e incentivado por deputados que não engoliram o modus operandi do parlamentar alagoano (que fortaleceu um pequeno grupo de líderes ao seu redor, nos quatro anos que ficou à frente da Câmara), Pereira articulou nas últimas semanas a candidatura de seu correligionário Hugo Motta (Republicanos-PB). Fez isso com a ajuda de um outro personagem importante: o senador Ciro Nogueira, presidente do PP, a mesma legenda de Lira. Ele também não nutre maiores amores pelo atual presidente da Câmara.
Pereira decidiu interferir nos planos de Lira depois de uma reunião de líderes com o presidente Lula, no final de agosto. Naquele encontro, Lira, na frente de outros parlamentares, indicou que iria endossar a candidatura de seu (até então) aliado próximo, o baiano Elmar Nascimento, líder do União Brasil, rifando tanto Pereira quanto o líder do PSD, o também baiano Antonio Brito. E ainda com um requinte de arrogância, nas palavras de lideranças parlamentares: estabelecendo uma data para o encerramento da disputa – 31 de agosto.
A partir dali, o que era para ser uma transição tranquila, virou luta de vale tudo. Lira foi empurrado para a posição de espectador.
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