Crusoé: Para Mauro Vieira, o problema do mundo é a Otan
Em reunião do G20, ministro de Relações Exteriores do Brasil reproduziu o discurso de Putin e acusou os países do Norte de estarem unidos em uma aliança militar
O chanceler do Brasil, Mauro Vieira (foto), que comenda o Itamaraty, proferiu um discurso nesta quarta, 21, durante a reunião de ministros de Relações Exteriores do G20, no Rio de Janeiro. Em sua fala, o ministro dividiu o mundo em dois. Abaixo da linha do Equador está o pacífico Hemisfério Sul, em que nenhum país desenvolveu a bomba nuclear. No Hemisfério Norte, contudo, a situação é oposta, com países se unindo “em torno de uma aliança militar“. Vieira não citou a Organização do Tratado do Atlântico Norte, a Otan, mas só pode estar falando dela.
No trecho em que desenvolve essa ideia, Vieira afirma: “O Brasil não aceita um mundo em que as diferenças são resolvidas pelo uso da força militar“.
O diplomata, contudo, não fez nenhuma citação em todo o seu discurso à Rússia, que invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022. No mesmo dia, aliás, Vieira se encontrou com o chanceler russo Sergey Lavrov. Segundo uma publicação do Itamaraty nas redes sociais, Os dois discutiram formas de “ampliar e diversificar o comércio bilateral, que atingiu recorde em 20223“. O aperto de mãos ocorreu no mesmo momento em que o Ocidente discute novas sanções contra a Rússia, após a morte do dissidente Alexei Navalny em uma prisão na Sibéria.
Para Mauro Vieira, o Hemisfério Sul, ou “Sul Global” é uma maravilha. “Uma parcela muito significativa do mundo fez uma opção pela paz e não aceita ser envolvida em conflitos impulsionados por nações estrangeiras. O Brasil rejeita a busca de hegemonias, antigas ou novas. Não é do nosso interesse viver em um mundo fraturado. Em nossa região, um exemplo claro de abordagens divergentes no campo de paz e segurança vem do fato de que o norte está unido em torno de uma aliança militar, enquanto o sul é coberto por diversas camadas e zonas de paz e cooperação, como a ZOPACAS, a OPANAL, a África desnuclearizada sob resolução da ONU, a própria União Africana e muitos outros exemplos. A situação absolutamente extraordinária em que todo o Hemisfério Sul do planeta optou por permanecer desnuclearizado é pouco destacada sob a narrativa predominante“, afirmou.
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