Crusoé: Pane na esquerda
Acusações de assédio contra Silvio Almeida expõem as armadilhas e hipocrisias da política identitária
Nas próximas duas semanas, senadores e deputados de oposição devem levar a votação requerimentos para que a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, vá prestar esclarecimentos sobre as acusações de assédio sexual que levaram à demissão de seu colega Silvio Almeida, que ocupou a pasta de Direitos Humanos até o dia 6 de setembro. Entre as dúvidas, está o motivo de Anielle não haver formalizado nenhuma denúncia a órgãos de controle, como a Comissão de Ética Pública.
A história só veio à tona porque a ONG Me Too Brasil divulgou na noite de 5 de setembro um comunicado que apontava Almeida como responsável por vários casos de assédio. Segundo o site Metrópoles, que primeiro noticiou a história, Anielle era uma das vítimas.
A questão que os parlamentares querem ver respondida é bastante pertinente. Afinal, segundo a Me Too Brasil, a dificuldade de encontrar canais para fazer a denúncia foi uma das razões por que as vítimas procuraram a entidade. No caso específico da ministra, essa “dificuldade em obter apoio institucional” pode significar que o próprio presidente Lula, ou fez pouco de relatos sobre o comportamento de Almeida, ou tentou esconder o caso.
Esse é outro flanco que a oposição já começou a explorar. Quer que a Procuradoria-Geral da República, PGR, investigue se o presidente prevaricou, ou seja, deixou de agir mesmo sabendo da ocorrência de um possível crime. Mas há uma outra possibilidade. A própria Anielle deixou de formalizar uma denúncia porque não queria causar dificuldades para o governo.
Por onde quer que se olhe, a história é horrível. Ela aponta para um emaranhado de hipocrisias da esquerda, diz a reportagem de capa da nova edição de Crusoé, assinada por Carlos Graieb e Wilson Lima.
Outros destaques em Crusoé
A reportagem “Pato manco?”, assinada por Wilson Lima, mostra que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), tentava comandar sua própria sucessão, mas foi atropelado pela articulação política do presidente nacional do Republicanos, deputado Marcos Pereira (SP), e corre o risco de ter o mesmo destino de Rodrigo Maia.
A matéria “Os alarmes soam na Alemanha”, de Caio Mattos, conta como o partido Alternativa para Alemanha (AfD, em alemão) se tornou o primeiro partido de direita radical a vencer eleições estaduais no país desde a Segunda Guerra.
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