Crusoé: “Os oligarcas da Câmara”
Com medo dar poder demais ao Colégio de Líderes, comandado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira, deputados hesitam pela primeira vez em transferir o controle de emendas do Executivo para o Legislativo, diz Crusoé...
Com medo dar poder demais ao Colégio de Líderes, comandado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira, deputados hesitam pela primeira vez em transferir o controle de emendas do Executivo para o Legislativo, diz Crusoé.
“No seu primeiro mandato na presidência da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) dispôs de um poder sem igual: o orçamento secreto. O controle das famigeradas emendas do relator lhe permitia distribuir recursos entre os parlamentares e arregimentar votos para aprovar projetos no momento que quisesse. Por total falta de transparência, o orçamento secreto foi considerado inconstitucional – e banido. Isso fez com que Lira, no segundo mandato, adotasse um novo estilo de governo. De imperial, ele passou a ser oligárquico, ou seja, apoiado em um pequeno grupo de notáveis. Eles se reúnem no Colégio de Líderes, formado por 19 entre os 513 deputados federais. É nesse fórum que a pauta das votações é definida.”
“O argumento dos líderes para fazer suas bancadas marcharem unidas é que eles e Lira conseguem influir na liberação das emendas RP7, que ficam no caixa dos ministérios. Sim, a história é sempre a mesma: emendas compram votos; votos são trocados por dinheiro que irriga a base eleitoral de cada parlamentar. Ao longo de 2023, no entanto, o governo tentou interferir nessa dinâmica, driblando o presidente da Câmara e sua turma de oligarcas. O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, procurou atrair para a sua órbita os integrantes das bancadas temáticas, como a do agro e a religiosa, sugerindo que negociassem diretamente com ele as RP7.”
“Não tardou para que o Colégio de Líderes percebesse a manobra e tivesse uma epifania: não seria tudo mais fácil se eles também dispusessem de emendas? Se tivessem uma graninha reservada para exercer com mais brilho a sua liderança? Seria um jeito de impedir que o Executivo tentasse comprar deputados no seu lugar. A ideia foi posta na mesa e, caso seja aprovada, pode representar a grande inovação da ‘era Lira’.”
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