Crusoé: “O que o Brasil deixou de aprender com a Alemanha?”
Quando o jovem Karl Marx e colegas de esquerda se cansaram da censura prussiana e decidiram partir para o exílio na França, na Bélgica e no Reino Unido, eles não estavam tão oprimidos pela repressão da polícia quanto obcecados pela visão de uma Alemanha dividida e muito atrás, economicamente falando, da pujante Grã-Bretanha...
Quando o jovem Karl Marx e colegas de esquerda se cansaram da censura prussiana e decidiram partir para o exílio na França, na Bélgica e no Reino Unido, eles não estavam tão oprimidos pela repressão da polícia quanto obcecados pela visão de uma Alemanha dividida e muito atrás, economicamente falando, da pujante Grã-Bretanha. De fato, a Alemanha da primeira metade do século 19 era o próprio símbolo daquilo que os ideólogos da Unicamp chamariam, no seguimento de Leon Trótski e outros epígonos, de capitalismo tardio, uma “maldição” que também atingia, ao que parece, o Brasil da primeira metade do século 20. Pouco depois, graças a List e outros “desenvolvimentistas” prussianos, entre os quais o próprio Otto von Bismarck, a Alemanha unificada deslanchou sua “revolução pelo alto”, o que a fez ultrapassar a Grã-Bretanha ainda antes do final do século 19.
O Brasil não conseguiu igualar tal feito, e só enveredou pela segunda revolução industrial quando o capitalismo avançado já estava na quarta, mesmo tendo tido vários generais e intelectuais bismarckianos na condução de seu “desenvolvimentismo” tardio. Mas o que a Alemanha conheceu de original, no plano dos movimentos de massa, foi ter criado um modelo de partido socialista, tendo na sua base o marxismo sindical, que conseguiu sobreviver à crise da República de Weimar, à tirania hitlerista, para construir, no pós-guerra, com o ordoliberalismo da democracia cristã, um modelo de capitalismo liberal e de democracia de mercado, que assegurou à nova Alemanha…
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