Crusoé: Fundamentos teóricos e metodológicos da ludopedagogia
O amigo, se tiver a minha idade, se lembrará da expressão “risonha e franca” com que se falava da escola nos tempos, perdidos no século passado, em que a frequentamos. Risonha e franca, sim, se dizia que era, e talvez até fosse mesmo. Mas quem o dizia? Foi preciso que nos viessem as cãs e...
O amigo, se tiver a minha idade, se lembrará da expressão “risonha e franca” com que se falava da escola nos tempos, perdidos no século passado, em que a frequentamos. Risonha e franca, sim, se dizia que era, e talvez até fosse mesmo. Mas quem o dizia? Foi preciso que nos viessem as cãs e as barbas brancas, e também a internet, para que soubéssemos que essa expressão é de um poema chamado “O estudante alsaciano”, composto pelo poeta português Acácio Antunes depois do fim da guerra franco-prussiana para gabar o patriotismo francês dos alsacianos sob jugo alemão. Seus três primeiros versos são: “Antigamente, a escola era risonha e franca, / do velho professor as cãs, a barba branca / infundiam respeito, impunham simpatia”. Esse “antigamente” o era do ponto de vista do poeta, visto que o poema depois muda de rumo: anuncia que nos tempos em que foi escrito já o professor era “austero e conciso”, e a escola tinha virado um calabouço sem riso.
Ora, eu, se não peguei no meu tempo de escola nenhum calabouço, também não peguei nem muito riso, nem maior franqueza: a escola era sisuda e meio dissimulada. E tampouco tive professores com cãs e barbas brancas: tive antes a professorinha de que falava o samba do Ataulfo Alves, aquela de quem ele tinha saudades e que lhe ensinou o beabá. Tive na verdade três ou quatro saudosas professorinhas, todas muito simpáticas, todas muito tranquilas, uma delas até bem bonita, que me ensinaram a tabuada, a crase, as vírgulas e travessões, as capitais dos estados, a divisão e a subtração, as letras dos hinos, as datas cívicas mais importantes, os nomes dos grandes vultos, etc. Ou seja, araram o terreno em que, mais tarde, outros professores e professoras me plantaram física, química, geografia, história, álgebra, trigonometria, etc. Boas professorinhas, boas disciplinas que nem sempre honrei com o melhor da minha atenção.
Em todo caso, fosse a escola como fosse – risonha, sisuda, franca, dissimulada – ela era sempre compreensível. A gente podia achar a escola uma festa ou um velório, mas era uma festa ou um velório que dava para entender.
Ora, parece que já não é mais assim, conforme depreendi da notícia que vi, recentemente, vinda lá dos lados do Rio de Janeiro. Segundo se noticia, uma…
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