Crusoé: “Feamapá, o Festival de Amor que Avassala o País”
Dizem alguns amigos que escrever sobre o Brasil é fácil porque nunca falta assunto. Pela mesma razão, fazer graça com o Brasil também é fácil, porque o assunto que nunca falta é quase sempre de teor ridículo, mesmo quando é trágico, afirma Orlando Tosetto Júnior na Crusoé...
Dizem alguns amigos que escrever sobre o Brasil é fácil porque nunca falta assunto. Pela mesma razão, fazer graça com o Brasil também é fácil, porque o assunto que nunca falta é quase sempre de teor ridículo, mesmo quando é trágico, afirma Orlando Tosetto Júnior na Crusoé.
“Algo de verdade, porém, deve haver nisso: Sérgio Porto, que usava o pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta, ficou famoso simplesmente relatando, com algum comentário ácido, o noticiário brasileiro ridículo de seu tempo, juntando seus relatos sob o nome de Febeapá, o Festival de Besteira que Assola o País.”
“Ora, Stanislaw escreveu no período pós-64, sabidamente trevoso, maligno, brutão, irrespirável. Embora tenha conseguido tirar humor de lá, sua fórmula não pode mais ser aplicada hoje em dia, porque nós, brasileiros hodiernos, pela graça do bom Deus e pela graça talvez até maior do novo governo velho, vivemos tempos muito, mas olha, muito mais cheios de alegria, liberdade, amor, democracia – tempos zelosamente vigiados e guardados pelos mais iluminados, pelos mais esclarecidos dos próceres.”
“Daí que um Febeapá de hoje em dia, destes tempos em que o ridículo é do bem, um Febeapá, eu dizia, que coligisse os ínfimos deslizes dos grandes vultos que aí estão no leme da nossa nau, teria que ser corrigido para algo como o Festival de Beatitude que Acaricia o País. Ou o Festival de Benevolência e de Amor do País. Ou o Festival de Beleza que Arrasta o País de um Lado pro Outro (não, aí ficou comprido demais e o acrônimo é outro).”
LEIA MAIS AQUI; assine a Crusoé e apoie o jornalismo independente.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)