Crusoé: As boquinhas pós-Lava Jato
Personagens que ajudaram a desmontar a operação foram beneficiados com cargos e benesses no governo Lula 3
Ao longo de dez anos, a Lava Jato foi atacada em várias frentes. Jornalistas, influenciadores digitais, juízes e até ministros do STF trabalharam diuturnamente para reduzir a pó o legado da maior operação anticorrupção do país. Curiosamente, vários desses personagens ganharam boquinhas no governo Lula. Crusoé conta a seguir algumas dessas histórias. E lembra uma das frases de Millôr Fernandes: desconfie de um idealista que lucra com seu ideal.
- Cristiano Zanin: Como advogado, ele esteve à frente da defesa de Lula. Depois de apresentar mais de 400 recursos em cerca de dois anos, conseguiu emplacar a tese de que Sergio Moro não tinha competência para julgar o petista e, além disso, era parcial. Os processos foram anulados. Encaminhados à Justiça Federal de Brasília, acabaram sendo extintos por prescrição. Zanin também difundiu a narrativa de que Lula foi vítima de “lawfare”, ou seja, da manipulação dos procedimentos judiciais com finalidades políticas ou ilegítimas.
- O pós-Lava Jato: Quando o ministro Ricardo Lewandowski se aposentou no STF, Zanin foi indicado por Lula para a sua vaga. O presidente não fez segredo de que o principal critério na escolha foi a certeza de poder contar com novo integrante da corte. Zanin tem 48 anos. Como os ministros do STF têm de se aposentar aos 75, poderá vestir a toga pelos próximos 27 anos. Na função, recebe o salário mais alto do serviço público brasileiro — atualmente, de 44 mil reais. Mas nada se compara ao poder e à influência trazidos pelo cargo.
- Ricardo Lewandowski: Ao contrário de indicados que acabaram decepcionando Lula e o PT no STF, como Joaquim Barbosa e Luiz Fux, Lewandowski defendeu seus padrinhos políticos nos momentos mais difíceis. Como revisor do processo do mensalão, foi voto vencido em diversas condenações que atingiram figurões petistas como José Dirceu. Ao presidir o processo de impeachment de Dilma Rousseff, articulou a solução jurídico-política que permitiu à ex-presidente manter os direitos políticos depois de perder o cargo. No petrolão, foi o principal legitimador do uso das mensagens hackeadas da Vaza Jato como provas. Isso foi fundamental para que as condenações de Lula fossem anuladas, com base na tese de conluio entre Sergio Moro e os procuradores da Lava Jato.
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