Crusoé: Arroz com tranqueira
Insistência do governo Lula em importar o produto mostra desejo de reativar a Conab, tradicionalmente controlada por PT e MST
O governo federal anunciou na quinta, 6, a compra de 263 mil toneladas de arroz importado com o argumento de que é preciso suprir a oferta do produto, afetado pelas enchentes no Rio Grande do Sul. A importação foi muito criticada porque poderia ser feita pelo setor privado, sem alarde, além de competir com os produtores nacionais, já bastante atingidos pelas chuvas. A insistência da intervenção governamental revela, acima de tudo, uma opção política por reativar a Companhia Nacional de Abastecimento, a Conab, um tradicional antro de influência do Partido dos Trabalhadores e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, o MST.
O leilão desta semana foi feito pela Conab. A empresa pública foi criada em 1990 a partir da fusão de três estatais de abastecimento: Companhia de Financiamento da Produção (CFP), Companhia Brasileira de Alimentos (Cobal) e Companhia Brasileira de Armazenamento (Cibrazem). Dessa fusão, surgiu uma empresa com múltiplos objetivos, sendo que o principal deles é estratégico: prover informações sobre armazenamento, produção e expectativa de custo para itens essenciais, como leite e o próprio arroz. O site da empresa ainda lista outros objetivos, mais operacionais: “executar estratégias de inclusão social”, com “ênfase em geração de emprego e renda”. A Conab ainda participa de programas e ações governamentais que contribuam para o bem-estar de comunidades que estejam em situação de insegurança alimentar e nutricional.
Desse leque amplo de propósitos é que se desprende a atuação que a Conab teve em governos anteriores do PT. Pelo Programa de Aquisição de Alimentos, PAA, a Conab se encarregava de ajudar a agricultura familiar — leia-se MST. A empresa, assim, se tornou uma compradora fiel desses produtores rurais e, em seguida, abastecia cozinhas em escolas públicas e restaurantes universitários e das Forças Armadas. Além de ganhar um bom cliente, o MST também usava a Conab como cabide de empregos. Milton Fornazieri, ex-coordenador do movimento e seu integrante desde 1989, é parte do conselho de administração.
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