Crusoé: A jogada arriscada do bolsonarismo
Bolsonaristas querem que evento de domingo seja um marco na retomada na disputa pela narrativa com a esquerda, enquanto a PF monitora possíveis abusos
Jair Bolsonaro e a cúpula do PL dizem querer que o ato convocado para domingo, 25, “em defesa do Estado Democrático de Direito” seja um marco na retomada na disputa pela narrativa com a esquerda, sem cartazes e discursos contra adversários e instituições. Contudo, a Polícia Federal promete monitorar de perto possíveis abusos do ex-presidente e de seus aliados, diz Crusoé.
“O ex-presidente Jair Bolsonaro convocou para este domingo, 25 de fevereiro, uma manifestação, na Avenida Paulista, em São Paulo. O mote é a ‘defesa do Estado Democrático de Direito’, aquele mesmo que seu grupo pretendeu subverter com um golpe. Assim, na realidade, o objetivo da manifestação demonstrar força política e sugerir que o custo de uma prisão, como resultado das investigações atualmente conduzidas pela Polícia Federal, poderia ser alto demais.”
“Bolsonaro pediu para que todos vistam verde e amarelo e não levantem cartazes contra adversários e instituições. Mas há o receio, entre os próprios organizadores do evento, que o tiro saia pela culatra. Há um belo exemplo no passado. Em 16 de agosto de 1992, outro domingo, o hoje senador Fernando Collor de Mello – aquele caçador de marajás – também convocou seus eleitores a irem às ruas de verde e amarelo. Collor estava acossado por denúncias de corrupção; a economia brasileira ia de mal a pior, depois de um traumático confisco de poupanças; o risco de um processo de impeachment se avolumava; mas ele sustentava a tese de que era um perseguido político. Em vez das cores desejadas pelo então presidente, jovens e outros grupos da sociedade civil foram às ruas de preto.”
“A conjuntura de hoje obviamente é outra. Bolsonaro não está mais no poder, a economia brasileira é problema de Lula e a militância bolsonarista é bem mais aguerrida que a de Collor. O verde amarelo não será trocado pelo preto na Avenida Paulista, que estará cheia. A questão é saber o quanto – e também se, no calor do momento, as recomendações para uma manifestação ordeira serão seguidas à risca. Não são detalhes singelos, mas pontos que podem enterrar o bolsonarismo de vez.”
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