Márcio Coimbra na Crusoé: A armadilha chinesa
Parceria comercial do Brasil com a China pode virar dependência a um regime autoritário que sacrifica crescimento para consolidar poder
A economia chinesa, outrora vista como um motor imparável de crescimento global, revela hoje fragilidades profundas que expõem as falhas do regime autoritário liderado por Xi Jinping.
Em setembro de 2025, o Índice de Gerentes de Compras (PMI) manufatureiro ficou em 49,8 pontos, marcando o sexto mês consecutivo de contração – o pior período desde 2019. Esse indicador, abaixo da linha de 50, que separa expansão de retração, reflete não apenas uma desaceleração econômica, mas as consequências de políticas centralizadas que priorizam o controle ideológico sobre a eficiência e a inovação sustentável.
Sob Xi, a China adotou um giro ideológico que subordina o crescimento econômico a objetivos políticos, como o fortalecimento do Partido Comunista Chinês e a supressão de setores privados dinâmicos, resultando em uma economia que perde fôlego e ameaça parceiros internacionais, incluindo o Brasil.
A crítica política ao modelo de Xi Jinping ganha força ao analisar como suas decisões agravaram a crise. Desde que assumiu o poder, em 2012, ele centralizou o controle econômico, favorecendo empresas estatais ineficientes em detrimento de empreendedores privados, que foram sufocados por regulamentações draconianas e campanhas anticorrupção seletivas.
Bolha imobiliária
Essa abordagem ideológica, que prioriza a “prosperidade comum” como eufemismo para redistribuição forçada, ignorou lições de crises passadas, como a bolha imobiliária. O setor de construção, que representa uma fatia significativa do PIB, colapsou sob dívidas acumuladas, com o governo hesitante em implementar reformas profundas por medo de instabilidade social que pudesse desafiar o regime.
Críticos apontam que o líder chinês, em vez de admitir falhas internas, culpa fatores externos, como as tensões comerciais com os Estados Unidos, com o simples intuito de desviar a atenção de sua própria má gestão.
Essa negação estratégica, incluindo a manipulação de dados econômicos para projetar uma imagem de estabilidade, mascara problemas como o desemprego juvenil recorde e a deflação persistente, que Xi chegou a questionar como algo inerentemente negativo.
O resultado é um paradoxo: enquanto o establishment acelera a transição para indústrias de alta tecnologia, o crescimento…
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