CPI é ‘faca no pescoço’ de Bolsonaro enquanto durar a pandemia (e até 2022)
Integrantes da CPI da Covid vão evitar dizer isto publicamente, para não escancarar ainda mais o viés eleitoreiro de suas atuações, mas admitem nos bastidores que a comissão servirá de "faca no pescoço" do governo Bolsonaro enquanto durar a pandemia e até 2022. É claro que o prazo inicial de 90 dias de funcionamento da CPI será estendido...
Integrantes da CPI da Covid vão evitar dizer isto publicamente, para não escancarar ainda mais o viés eleitoreiro de suas atuações, mas admitem nos bastidores que a comissão servirá de “faca no pescoço” do governo Bolsonaro enquanto durar a pandemia e até 2022.
É claro que o prazo inicial de 90 dias de funcionamento da CPI será estendido, não somente levando em conta a situação da pandemia, mas a capacidade de os senadores ganharem politicamente com as sessões. Como mostramos, 14 dos 18 titulares e suplentes do colegiado são potenciais candidatos no ano que vem.
Desde antes do início dos depoimentos, integrantes da CPI, com raras exceções, têm evitado falar em punição ou busca de culpados. Criaram até o conceito esdrúxulo de “uma CPI propositiva”, o que seria qualquer coisa menos uma comissão parlamentar de inquérito.
De toda sorte, senadores avaliam que o funcionamento da comissão já deu resultados mais, digamos, concretos do que qualquer outra iniciativa criada no Parlamento para “acompanhar”, “monitorar” ou mesmo “fiscalizar” o governo federal desde o início da pandemia — pelo menos três comissões já haviam sido instaladas nesse sentido.
Coincidência ou não (muito provavelmente não), Jair Bolsonaro, apesar de continuar defendendo cloroquina e atacando prefeitos e governadores por medidas restritivas, tem aparecido de máscara vez ou outra, uma novidade até então.
Foi também após a instalação da CPI no Senado — somente depois de determinação do STF, não custa lembrar — que Marcelo Queiroga, atual ministro da Saúde, confirmou a compra de um segundo lote de 100 milhões de doses da vacina da Pfizer contra a Covid.
Mais: o Ministério da Saúde, como registramos, tirou do ar um documento que servia como base de orientação para a prescrição da cloroquina, remédio que não tem eficácia no tratamento da doença.
O governo já percebeu que a CPI forçará, no mínimo, ajustes na postura do presidente e nas decisões tomadas daqui para frente. A subida de tom na semana passada, com Bolsonaro voltando a ameaçar decreto para garantir a “liberdade” da população e defendendo voto impresso, mostra que o Planalto tem ciência de que a “faca no pescoço” tem impacto na opinião pública e, claro, consequências para o plano de reeleição.
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