Como são feitas as salsichas e as CPIs
A justificativa do pedido da CPI da Covid para quebras de sigilos bancário e fiscal da Jovem Pan, além de um espanto por não ter fundamentação, é uma cópia de outros requerimentos que têm como alvos integrantes do 'gabinete do ódio'. Não há uma pessoa física oculta que a comissão queira alcançar na emissora. Trata-se, antes, de um erro crasso da dupla Renan Calheiros e Humberto Costa...
A justificativa do pedido da CPI da Covid para quebras de sigilos bancário e fiscal da Jovem Pan, além de um espanto por não ter fundamentação, é uma cópia de outros requerimentos que têm como alvos integrantes do ‘gabinete do ódio’. Não há uma pessoa física oculta que a comissão queira alcançar na emissora. Trata-se, antes, de um erro crasso da dupla Renan Calheiros e Humberto Costa.
O Antagonista levantou na Secretaria da CPI os oito requerimentos, assinados por Renan e Humberto, que utilizam o mesmo texto. Aliás, são todos cópias do requerimento aprovado, em 29 de junho, para quebra de sigilo bancário e fiscal de Tercio Arnaud Tomaz, assessor especial da presidência da República que é apontado como líder do gabinete do ódio.
Esses documentos, feitos na base do ‘ctrl-c ctrl-v’, colocam no mesmo cesto a Jovem Pan, os blogueiros Allan dos Santos (Terça Livre), Paulo Enéas (Crítica Nacional) e José Pinheiro Tolentino Filho (Jornal da Cidade). Renan e Humberto também pediram a quebra de sigilo da produtora LHT HIGGS LTDA (Brasil Paralelo).
Na introdução da justificativa, os nove documentos (o pedido já aprovado mais os oito em tramitação) têm o mesmo texto — repetem até os erros de português.
“É cediço que as comissões parlamentares de inquérito não são dotadas de quaisquer competências sancionatórias, ou seja, não têm o poder de punir quem quer que seja. No entanto, desempenham um relevantíssimo papel institucional na elucidação de fatos de interesse da coletividade, sobretudo daqueles que, em condições normais, não viriam ao conhecimento da sociedade ou das autoridades competentes para avaliá-los, segundo as óticas política e jurídica, respectivamente.”
“Conforme notícias recentes divulgadas na grande mídia, a referida pessoa é protagonistas (sic) na criação e/ou divulgação de conteúdos falsos na internet.”
Com a lambança, fruto de displicência, incompetência ou talvez má-fé, Renan e Humberto se nivelam a Ciro Nogueira e Jorginho Mello, que, em abril, cometeram a façanha de apresentar à CPI oito requerimentos com exatamente os mesmos resumos e justificativas.
Na ocasião, descobriu-se que os pedidos haviam saído do computador de Thaís Amaral Moura, assessora da Secretaria Especial de Assuntos Parlamentares da Secretaria de Governo e namorada de Frederick Wassef, advogado de Flávio Bolsonaro.
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