O deputado federal Kim Kataguiri (União-SP) vai ingressar com um pedido de convocação do ministro-chefe da Secom, Paulo Pimenta, para que ele dê explicações na Comissão de Fiscalização e Controle sobre a contratação de uma ex-cabeleireira de Dilma na Empresa Brasil de Comunicação (EBC).

Como mostramos mais cedo, Márcia Westphalen foi nomeada em abril de 2023 para exercer a função de coordenadora de viagens/gerência de transportes no órgão em Brasília. Ela trabalhou durante a campanha presidencial de 2010.

Como integrante da Diretoria de Administração e Finanças da EBC, Márcia Westphalen recebe, bruto, R$ 11,2 mil por mês. Com os descontos obrigatórios, o salário dela fica em torno de R$ 8,5 mil.

Além de um pedido de convocação, Kataguiri também vai ingressar com um requerimento de informações para obter detalhes sobre os critérios de contratação da EBC.

A ex-cabeleireira de Dilma é uma velha aliada do PT e, após a primeira campanha de Dilma, foi abrigada em alguns cargos do partido. Em 2010, trabalhou na transição do governo Lula para o governo Dilma, com salário de R$ 6,8 mil (algo em torno de R$ 17 mil em valores atuais corrigidos pelo IGPM) para ser secretária da equipe de transição.

Quando a Folha de S. Paulo descobriu, em 2009, que ela tinha trabalhado na campanha de Dilma como cabeleireira, Márcia desconversou e afirmou que sua relação com as tesouras era temporária. Quase um bico.

“Havia trabalhado em um salão durante um período curto, que não chegava a cinco meses, em uma época de crise financeira, mas que aquela nunca foi minha atividade principal”, disse Westphalen na época.

Na campanha de 2010, Márcia recebeu quatro depósitos da campanha de Dilma, totalizando R$ 16,3 mil (aproximadamente R$ 41 mil em valores atuais).

O fato é que durante o ano de 2009, Márcia teve um salão em Porto Alegre e manteve um blog sobre “cabelos, tendências e dicas de visual”. O blog saiu do ar depois que a Folha revelou a nomeação dela para o time de transição de Dilma. Formada em Direito, Márcia atuou como secretária trilíngue no governo de transição.