Com ex-comandantes, Lula tenta criar ‘ponte’ com a caserna
O grupo técnico da Defesa é o único, até agora, a não nomear seus integrantes -- o que pode acontecer ainda hoje. A dificuldade resulta da resistência de setores da caserna, especialmente entre oficiais de segundo escalão, a uma nova gestão Lula. Para contornar o problema, o presidente eleito escalou um antigo aliado, o general da reserva Marco Edson Gonçalves Dias, para fazer a interlocução com os militares...
O grupo técnico da Defesa é o único, até agora, a não nomear seus integrantes — o que pode acontecer ainda hoje. A dificuldade resulta da resistência de setores da caserna, especialmente entre oficiais de segundo escalão, a uma nova gestão Lula.
Para contornar o problema, o presidente eleito escalou um antigo aliado, o general da reserva Marco Edson Gonçalves Dias, para fazer a interlocução com os militares.
Gonçalves Dias já convidou para integrar o GT os ex-comandantes da Aeronáutica Juniti Saito e do Exército Enzo Peri. Também foram contatados generais que integraram o governo Bolsonaro, como o ex-ministro Fernando Azevedo e Silva e o ex-comandante Edson Pujol, ambos respeitados internamente e considerados de perfil “moderado”.
Em março de 2021, Bolsonaro demitiu Azevedo, o que levou os três comandantes a deixarem seus cargos, numa crise sem precedentes em período democrático.
O objetivo de Lula é garantir uma transição pacífica numa área que foi extremamente politizada por Bolsonaro. Essa demanda vem do próprio Alto Comando, que tem tradição legalista e resiste a ‘eventuais aventuras’.
O petista quer a ajuda dos generais para ‘segurar os coronéis’, que têm ecoado de forma mais contundente — inclusive nas redes sociais — a rejeição ao retorno do PT. Lula sabe que os generais tendem a atuar mais politicamente, na expectativa de ganharem algumas estrelas ou cargos, e também de não perderem privilégios.
O presidente eleito promete não desfazer a reforma previdenciária dos militares aprovada na atual gestão, mas há dúvidas sobre qual será o comportamento do PT neste tema no Congresso.
A partir do dia 21, os comandantes militares devem entregar seus cargos aos substitutos, que serão anunciados pelo gabinete de transição. A ‘troca de guarda’ antes da nomeação do ministro da Defesa busca enviar também um sinal de autonomia institucional, mas pode soar naturalmente como insubordinação.
O cabo de guerra inclui também o esvaziamento do GSI a partir da segunda quinzena de dezembro, forçando Lula a criar novos cargos de confiança para acomodar militares.
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