Brasil: uma hora vai dar M; e não será de Marçal
Essas eleições definirão, mais do que os prefeitos e vereadores dos mais de cinco mil e quinhentos municípios do país, os rumos de 2026
É impressionante como a política brasileira – e principalmente a elite da política brasileira – sempre consegue encontrar um alçapão no fundo do poço e descer mais fundo, a despeito do atoleiro abissal em que já está submergida há décadas.
Lá atrás, ainda pouquíssimo tempo após a redemocratização, lembrando-me aqui de Severino Cavalcanti, Fernando Collor, Paulo Maluf, Antônio Carlos Magalhães, dos anões do orçamento -, o avião já apontava o bico para o chão.
À medida em que Renan Calheiros, Jader Barbalho, José Sarney, os próprios ACM e Paulo Maluf já citados, Orestes Quércia, Newton Cardoso, dentre tantos outros, foram ganhando musculatura eleitoral e financeira, o buraco foi aumentando.
Cavando sem parar
Vampiros da Saúde, Banestado, Banco Marka, Jorgina de Freitas, Lalau, Navalha na Carne, Zelotes, Fundos de Pensão, Painel Eletrônico, Máfia da Loteria, Mensalão, Petrolão… Fui puxando pela memória e os escândalos não terminam.
E o que fizemos, como eleitores e sociedade, com a maioria absoluta dos políticos envolvidos nestes esquemas criminosos? Ou os elegemos e reelegemos reiteradamente, ou jamais os punimos (com prisão) de forma merecida e exemplar.
Pior. Com o passar dos anos, com a sucessão dos esquemas de corrupção e a entrada de novas personagens, fomos nos acostumando e relativizando a baixaria moral, justamente onde jamais deveríamos e poderíamos nos permitir ser lenientes.
Progressão continuada
Elegemos, localmente, péssimos congressistas e chefes de Executivo, que, depois, se tornam expoentes nacionais e nomeiam amigos – ou melhor, cúmplices – péssimas autoridades do Judiciário que, então, “Transformam o país inteiro em um p…” (Cazuza).
Sarney foi ruim? Espere para ver Collor. Collor foi ruim? Espere para ver Dilma. Dilma foi ruim? Tome Lula, tome Bolsonaro. O Rio de Janeiro coleciona ex-governadores presos, e São Paulo, capital, ameaça, agora, eleger Boulos ou Marçal. Meu Deus!
Condenado por corrupção e lavagem de dinheiro, Lula é presidente da República novamente. Bolsonaro fez tudo o que fez, e continua o “mito” de metade do país. Marçal foi condenado por furto, e pode ser prefeito de São Paulo. Nunca é o suficiente.
Alfabeto de más escolhas
Tem coisas que a gente bate o olho e diz: vai dar m..! O Brasil flerta com o precipício e, um dia, talvez, esborrache a cara no chão. Como já esborracharam Argentina, Venezuela, Rússia, Turquia e tantas outras nações que se negaram a enxergar o óbvio ululante.
A cada eleição, ao invés de corrigirmos a rota, dobramos a aposta. Fizemos arminha para tirar os ladrões! Fizemos o L para voltar os ladrões! Faremos o M para renovar os ladrões. E amanhã acreditaremos em uma nova letra milagrosa qualquer.
Essas eleições definirão, mais do que os prefeitos e vereadores dos mais de cinco mil e quinhentos municípios do país, os rumos de 2026. Confesso que jamais estive tão preocupado e desesperançoso. Um dia não haverá alçapão. E o M não será de Marçal.
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