Boulos é processado por dizer que Nunes rouba
Durante entrevista, Boulos fez acusações contra o prefeito afirmando que ele estaria envolvido em roubos e esquemas ilícitos
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), entrou com um processo por danos morais contra o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL). O motivo foi uma declaração dada pelo adversário em uma entrevista a um podcast neste mês.
Durante a entrevista, Boulos fez acusações contra o prefeito afirmando que ele estaria envolvido em roubos e esquemas ilícitos. Em resposta, Nunes decidiu processar o deputado e pedir uma indenização de R$ 50 mil na ação.
As declarações de Boulos foram feitas durante uma discussão sobre um projeto de emenda à Constituição para acabar com as saídas temporárias de presos dos presídios. O deputado afirmou que enquanto alguns criminosos estão cumprindo pena, outros, como o prefeito de São Paulo, seguem livres. Além disso, Boulos acusou Nunes de estar envolvido em esquemas com empreiteiras.
Acusações levianas
Nesta sexta-feira, em uma coletiva de imprensa, o prefeito comentou sobre a atitude do seu adversário. Ele ressaltou a importância do debate político dentro dos limites da ética e afirmou que é preciso recorrer ao Judiciário para cessar as acusações levianas.
Por sua vez, Boulos afirmou que a ação movida contra ele é um direito do prefeito, mas ressaltou que não está sozinho em suas críticas. Segundo o deputado, muitas pessoas têm percebido os esquemas na prefeitura, como as obras emergenciais sem licitação e a lavagem de dinheiro do Primeiro Comando da Capital (PCC) nos contratos de ônibus.
Boulos investiga
Além do processo movido pelo prefeito, Boulos também tomou a iniciativa de investigar a gestão de Nunes. O deputado acionou o Ministério Público de São Paulo para averiguar os contratos da prefeitura com empresas ligadas ao PCC. Boulos questiona a falta de medidas para prevenir a entrada de organizações criminosas nos contratos públicos e a suposta ineficácia dos atuais gestores municipais em lidar com essa situação.
Essa ação do deputado ocorre após o Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco), do MP-SP, deflagrar uma operação contra duas organizações criminosas ligadas ao PCC que possuíam contratos de transporte público em São Paulo. Essas empresas receberam mais de R$ 800 milhões da prefeitura em 2023, mesmo operando o esquema há anos.
Quem tem de se explicar sobre PCC, Nunes ou Boulos?
Guilherme Boulos cobrou explicações do prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB), sobre as duas empresas investigadas por ligações com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Mas foi confrontado por aliados do emedebista depois de circular a informação de que um dos coordenadores de sua campanha recebeu doação de um dos empresários presos pelo caso.
Bouos disse o seguinte em texto de postagem que companha um vídeo foto): “GRAVÍSSIMO! Diretores de duas empresas de ônibus de São Paulo foram presos hoje por ligação com crime organizado. Essas empresas receberam da prefeitura na gestão Ricardo Nunes R$ 800 milhões e uma ainda pegou a concessão do transporte aquático na Billings sem licitação. O prefeito deve explicações ao povo de São Paulo. Esse absurdo não pode ficar sem investigação”.
Resposta
O secretário Executivo de Relações Institucionais da Prefeitura de São Paulo, Enrico Misasi, retrucou em outra postagem, na qual menciona reportagem da Folha de S.Paulo intitulada “Empresário preso por suspeita de elo com PCC doou para coordenador de plano de Boulos”:
“Boulos cobra explicações do prefeito Ricardo Nunes, que foi pra cima das empresas de transporte investigadas e está desde cedo trabalhando para que os ônibus não deixem de circular e a população não seja prejudicada. Mas quem tem de dar explicações é Boulos”.
Misasi está falando de Luiz Carlos Efigênio Pacheco, sócio da Transwolff preso nesta terça. Ele doou para a campanha de Antônio Donato (PT), eleito vereador em 2020. Donato é deputado estadual, cargo para o qual se elegeu em 2022, e um dos coordenadores do programa de governo de Boulos.
Segundo a Folha, Pacheco doou 75 mil reais para campanha de Donato. “Foi a segunda maior doação individual recebida por Donato”, destacou o jornal.
“Por que a única doação feita a um candidato pelo empresário preso hoje foi justamente para o coordenador da campanha de Boulos?”, questionou Misasi. Boulos ainda não respondeu.
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