O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) protocolou na última sexta-feira (28) uma queixa-crime no 3º Juizado Especial Criminal de Brasília contra o hacker Walter Delgatti por calúnia. O pedido de processo veio após Delgatti afirmar que teria recebido um pedido de Bolsonaro para assumir a autoria de um grampo ilegal contra o ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal (STF).

Em depoimento à CPMI do 8 de janeiro, Delgatti alegou que Bolsonaro lhe pediu para assumir o grampo contra o ministro. “O presidente [Bolsonaro] entrou em contato comigo. Nesse contato, segundo ele, teria um grampo do ministro Moraes. Segundo ele [Bolsonaro], teria conversas comprometedoras do ministro e eles precisavam que eu assumisse a autoria desse grampo”, disse ele na ocasião.

De acordo com a defesa de Bolsonaro, o hacker teria disseminado fatos “manifestamente mentirosos” e lesionado a honra do ex-presidente diante de inúmeras pessoas, uma vez que seu depoimento foi repercutido por diversos veículos de imprensa e plataformas. À CPMI Delgatti não apresentou registros que comprovem suas declarações. O hacker afirmou, no entanto, que aceita acareação com Bolsonaro na comissão.

Walter Delgatti Neto ficou conhecido por ter vazado conversas de autoridades envolvidas na Operação Lava Jato, inclusive do senador Sergio Moro (União-PR). Ele está preso desde 2 de agosto na investigação que apura a invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e na inserção de documentos e alvarás de soltura falsos no Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP).