Bolsonaro antecipa meta de zerar emissões até 2050, mas não resolve ‘pedalada do carbono’
Jair Bolsonaro disse nesta quinta (22) que o Brasil está na "vanguarda do enfrentamento ao aquecimento global". O presidente anunciou antecipação da meta de neutralidade climática de 2060 para 2050, o que já foi feito pelas principais economias do mundo...
Jair Bolsonaro disse nesta quinta (22) que o Brasil está na “vanguarda do enfrentamento ao aquecimento global”. O presidente anunciou antecipação da meta de neutralidade climática de 2060 para 2050, o que já foi feito pelas principais economias do mundo.
“Coincidimos, senhor presidente [Joe Biden], com o seu chamado ao estabelecimento de compromissos ambiciosos”, disse Bolsonaro, na Cúpula de Líderes sobre o Clima. “Nesse sentido, determinei que nossa neutralidade climática seja alcançada até 2050. Antecipando em 10 anos a sinalização anterior”.
Neutralidade climática significa que todas as emissões de gases de efeito estufa serão compensadas ou capturadas, de forma que a contribuição do país para o aquecimento global seja zero. Ela exige mudança da matriz energética.
Na prática, Bolsonaro deixou a responsabilidade para seus sucessores, já que não anunciou uma nova meta intermediária e manteve a ‘pedalada de carbono’ praticada pelo governo em dezembro de 2020.
Bolsonaro citou o princípio de “responsabilidades comuns, porém diferenciadas”, segundo o qual o maior fardo do combate às mudanças climáticas cabe aos países ricos. O mesmo princípio foi citado hoje pelo ditador da China, Xi Jinping, que não anunciou metas novas.
No restante do discurso, Bolsonaro repetiu metas já anunciadas, inclusive eliminar o desmatamento ilegal até 2030.
Em dezembro de 2020, o Brasil apresentou à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês) uma atualização da sua meta. Em números, a meta do governo Bolsonaro foi a mesma apresentada por Dilma em 2015, antes do Acordo de Paris: reduzir as emissões em 43% até 2030, comparadas com os níveis de 2005.
Porém, o governo não atualizou a base de cálculo, o que na prática permite chegar a 2030 emitindo cerca de 400 milhões de toneladas de a mais do que o prometido por Dilma.
O Observatório do Clima chamou a jogada de Bolsonaro e Salles de ‘pedalada de carbono’.
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