Augusto de Franco na Crusoé: Um predador à solta
Jair Bolsonaro foi uma ameaça à democracia. Uma ameaça mais social do que política. Ao revirar a lama que estava decantada no poço da cultura patriarcal, deixando que preconceitos e discriminações incivis viessem à tona, atacou o tipo de sociabilidade que permite a democracia...
Jair Bolsonaro foi uma ameaça à democracia. Uma ameaça mais social do que política. Ao revirar a lama que estava decantada no poço da cultura patriarcal, deixando que preconceitos e discriminações incivis viessem à tona, atacou o tipo de sociabilidade que permite a democracia. Ele só pôde fazer isso porque (1) esses padrões autocráticos já estavam presentes — conquanto recalcados no subsolo das consciências — em extensas parcelas da população e (2) houve uma conjunção aziaga de fatores políticos que permitiram que as campas funerárias fossem abertas.
Dentre os fatores políticos que ensejaram a golfada bolsonarista, merece destaque a degeneração da política democrática como continuação da guerra por outros meios. Já havia outro predador à solta, uma força populista vincando a sociedade com uma dinâmica “nós” contra “eles”.
Mas não é razoável esperar que os demônios que o bolsonarismo despertou vão continuar nos assombrando até o fim dos tempos. A menos que queiramos manter viva a polarização, encenando aqueles “dois minutos de ódio” (do 1984 de George Orwell) para coesionar uma legião de fiéis vingadores.
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