Áudios revelam que Dominguetti buscou agenda com Bolsonaro para vender vacinas
O suposto vendedor de vacinas Luiz Paulo Dominguetti articulou uma agenda entre o advogado Cristiano Hossri Carvalho, que se apresenta como representante da Davati Medical Supply, e Jair Bolsonaro para oferecer vacinas contra Covid. As informações estão em mensagens obtidas pela CPI da Covid por meio da quebra de sigilo telefônico de Dominguetti e às quais O Antagonista teve acesso...
O suposto vendedor de vacinas Luiz Paulo Dominguetti articulou uma agenda entre o advogado Cristiano Hossri Carvalho, que se apresenta como representante da Davati Medical Supply, e Jair Bolsonaro para oferecer vacinas contra Covid.
As informações estão em mensagens obtidas pela CPI da Covid por meio da quebra de sigilo telefônico de Dominguetti e às quais O Antagonista teve acesso.
O cabo da Polícia Militar de Minas Gerais tentou chegar ao presidente da República por intermédio do reverendo Amilton Gomes de Paula, tido como responsável por abrir as portas do Ministério da Saúde para o policial militar.
Nas mensagens, Dominguetti diz que estava esperando uma brecha para que o encontro ocorresse “fora da agenda oficial”. Em 13 de março deste ano, o policial militar e Cristiano falam sobre uma possível agenda com o presidente da República.
Às 9h40, Dominguetti afirma para Cristiano Carvalho: “Estão viabilizando sua agenda com o presidente”.
O representante da Davati, por sua vez, responde por meio de áudio: “Dominguetti, por favor, verifica pra mim se o presidente vai atender hoje ou amanhã ou até na terça, porque aí eu preciso mudar o voo e preciso reservar o hotel, tá bom?”
O policial militar afirma que “já estão trabalhando para agendar […] estão esperando uma resposta do Palácio”.
Depois disso, já no início da noite, Dominguetti encaminha um áudio a Cristiano dizendo que a agenda “agora depende do presidente”.
“Eu nem sabia que ia ter agenda com o Bolsonaro, você quem me falou. O que eles me falaram é assim: que estão atuando fortemente lá e que agora depende do presidente, que ele não marca agenda. Ele fala assim: ‘vem aqui agora’, né? De uma forma mais urgente. Agora para falar com ele em agenda, eles conseguem marcar segunda, terça, quarta, porque aí entra na agenda oficial. O que eles estão tentando é que o presidente responda de forma extraoficial, entendeu? Devido à urgência, é o que eles estão tentando. Agora, a agenda oficial, eles conseguem marcar. O que eles estão tentando é uma agenda extraoficial”, disse o policial.
Os “eles” citados por Dominguetti, conforme a CPI da Covid, são integrantes da Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah), entidade comandada pelo reverendo Amilton.
Ainda na noite do dia 13 de março — véspera do encontro —, Cristiano reclama que não houve confirmação da realização da reunião dele com o presidente.
“Reverendo me fez ficar aqui e até agora não confirmou o café da manhã com o presidente”, reclamou Cristiano Carvalho.
Em resposta, Dominguetti disse:
“Ele [o reverendo] está aguardando a resposta do cerimonial com presidente (SIC)“
Dois dias depois da conversa entre Dominguetti e Cristiano, Jair Bolsonaro se reuniu com pastores evangélicos no Palácio do Planalto. Um dos presentes era o pastor Silas Malafaia, aliado do reverendo Amilton.
O presidente e os líderes religiosos, conforme foi divulgado à imprensa, discutiram o fechamento de templos durante a pandemia. Leia abaixo a lista de participantes:
Vale lembrar que essa discussão chegou ao STF, que manteve os templos fechados. Malafaia foi um dos que mais atacaram os ministros antes e depois da decisão.
Nessa data, ocorreu também a demissão de Eduardo Pazuello do Ministério da Saúde. No mesmo dia, Marcelo Queiroga foi nomeado ministro.
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