Apesar de ter sido montada com foco na governabilidade, a composição da futura Esplanada dos Ministérios não agradou vários líderes partidários e, conforme parlamentares ouvidos por este site, não vai garantir uma maioria para Lula no Congresso. O problema reside, principalmente, no União Brasil da Câmara.

Para tentar atrair o partido do ex-ministro Sergio Moro, Lula entregou duas pastas à sigla: Comunicações e Turismo. Comunicações será comandada por Juscelino Filho (MA) e Turismo por Daniella do Waguinho (RJ).

Nem mesmo o presidente do União, Luciano Bivar, concordou com o acerto, atribuído, fundamentalmente, a uma articulação do presidente da CCJ no Senado, Davi Alcolumbre (AP).

Dos 59 deputados da sigla, conforme apurou este site, apenas cinco devem fazer parte da bancada governista. Os demais já se manifestaram contra o governo.

“Pior do que não conceder um ministério, é dar duas pastas esvaziadas ao partido. É uma esmola que não queremos”, admitiu um líder do União a este site.

Outros partidos aliados também criticaram a divisão da Esplanada. Como mostramos ontem, dos 37 ministros, três são do MDB, outros três do PSD, dois do União Brasil. Assim, Lula conseguiu uma coalisão destas siglas com o PT e outros partidos como PSB, PDT, Rede, PSOL, Pros, Avante e Solidariedade. A expectativa inicial era obter o apoio integral de pelo menos 282 deputados.

Entretanto, alguns deputados de PSD, MDB e até Solidariedade já falam em fazer oposição a  Lula no início deste mandato. No PSD, dos 42 parlamentares, pelo menos 12 já indicaram que votarão contra o futuro governo. A situação é parecida no MDB.

Assim, segundo as primeiras projeções dos líderes partidários, dos supostos 282 votos, o PT teria em torno de 200. Quórum insuficiente até para conseguir aprovar propostas simples, como a ratificação de Medidas Provisórias.