Luiz Eduardo Soares, um dos delatores da Odebrecht, contou à força-tarefa da Lava Jato que o dinheiro usado pelos “aloprados do PT” — 1,7 milhão de reais, em espécie –, para tentar comprar um dossiê fajuto contra José Serra, em 2006, saiu de uma transação entre a empreiteira e a Cervejaria Petrópolis, dona da marca Itaipava. O tal dossiê implicava Serra na máfias dos Sanguessugas, que operava no ministério da Saúde.

Na época, para se desvencilhar do caso, Lula afirmou que a iniciativa não contava com sua bênção e a atribuiu a “um bando de aloprados”. Sabe-se, agora,que não havia malucos naquela operação. Leia um trecho da reportagem do Estadão:

“Um dia depois da prisão [dos aloprados], em 16 de setembro, disse o delator Luiz Eduardo Soares, o ex-tesoureiro da campanha de Lula, José de Filippi, convocou uma reunião de emergência no comitê de campanha do PT, em São Paulo. Para não levantar suspeitas, Soares disse que tomou o cuidado de deixar seu carro no aeroporto de Congonhas e seguiu de táxi para o comitê do PT.

Quando chegou ao local, Soares diz que encontrou José de Filippi, o presidente da Itaipava, Walter Faria e Benedicto Júnior, ex-presidente da construtora Odebrecht. ‘Nós fomos tomados de surpresa na operação dos aloprados. BJ me ligou dizendo que tinha dado um grande problema e que precisava de minha ajuda’, disse o delator. O clima era de tensão: entre as centenas de maços de dinheiro apreendidos, um deles estava com rótulo da empresa Leyroz de Caxias, distribuidora da Itaipava que articulava a distribuição de dinheiro no esquema de propina da cervejaria.

‘Como nós tínhamos essa operação que já tinha começado, de troca de reais por dólar, eles estavam com medo, porque descobriram que uma parte desse dinheiro estava com o timbre da Leyroz de Caxias. Mostrava que isso era da cervejaria Itaipava’, disse Soares.”

Está explicado, finalmente, por que o PT tentou esconder da imprensa até mesmo a imagem do dinheiro feita pela PF.

A imagem do dinheiro que o PT tentou esconder da imprensa