Advogado de Bolsonaro reclama de “narrativa para envolver o presidente”
Celso Vilardi disse que o ex-presidente "nunca esteve envolvido" nos ataques de 8 de janeiro

O advogado Celso Vilardi, que representa o Jair Bolsonaro (PL) no processo sobre trama golpista pelo qual o ex-presidente se tornou réu no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta-feira, 26, afirmou ter sido criada “uma narrativa do 8 de janeiro para envolver” o seu cliente na ação sobre trama golpista.
“É algo em que o presidente não está envolvido, não esteve envolvido. Na denúncia que surge esse envolvimento, porque nem no relatório da Polícia Federal (PF) surgiu”.
E seguiu:
“Criou-se uma narrativa do 8 de janeiro para envolver o presidente, essa é que é a verdade. A materialidade que foi dita nesse julgamento é a materialidade do dia 8, e nisso o presidente não tem nem remotamente envolvimento”, afirmou.
Segundo Vilardi, a defesa do ex-presidente foi prejudicada por, segundo ele, não ter acesso total às provas durante o período das investigações.
“Trechos de diálogos, parte de depoimentos, não sabemos em qual contexto eles foram colocados, não sabemos de que forma eles foram colocados. Vamos provar a inocência? Vamos provar a inocência, mas nós precisamos ter a liberdade de defesa”, disse.
Leia mais: “Bolsonaro: “Supremo faria isso se o réu fosse outro ex-presidente?”
“Muita pressa”
Nas redes sociais, Bolsonaro criticou a decisão do STF sobre o recebimento da denúncia da Procuradoria-Geral da República em relação à trama golpista. Para ele, o STF “está com muita pressa”.
“Estão com pressa. Muita pressa. O processo contra mim avança a uma velocidade 14 vezes maior que o do Mensalão e pelo menos 10 vezes mais rápida que o de Lula na Lava Jato”, disse o ex-presidente da República.
“E o motivo? Nem tentam mais esconder. A própria imprensa noticia, abertamente e sem rodeios, que a motivação não é jurídica, mas política: o tribunal tenta evitar que eu seja julgado em 2026, pois querem impedir que eu chegue livre às eleições porque sabem que, numa disputa justa, não há candidato capaz de me vencer”, acrescentou ele.
“A ironia é que, quanto mais atropelam regras, prazos e garantias para tentar me eliminar, mais escancarado fica o medo que eles têm das urnas e da vontade do povo. Se realmente acreditassem na democracia que dizem defender, me enfrentariam no voto, não no tapetão”, complementou o ex-presidente da República.
Além de Bolsonaro foram tornados réus: o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), o almirante e ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, o general da reserva e ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional Augusto Heleno, o tenente-coronel e o ex-ajudante de ordens da Presidência da República Mauro Cid, o general e ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira e o general da reserva e ex-ministro da Casa Civil Walter Braga Netto.
Todos vão responder pelos crimes de Golpe de Estado; tentativa de abolição violenta ao Estado Democrático de Direito; organização criminosa; dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)