Em petição enviada ao ministro do STF Dias Toffoli, a defesa de Sergio Moro (União-PR) afirmou que Eduardo Appio teria mentido ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) sobre supostas ameaças feitas pelo senador ao ex-juiz da Lava Jato.

A manifestação consta em inquérito que tramita no STF e investiga as acusações sobre supostas irregularidades apresentadas pelo delator Tony Garcia em relação a condutas de ex-integrantes da Lava Jato, entre os quais Moro e o ex-procurador Deltan Dallagnoll.

Em depoimento no CNJ, em 4 de março deste ano, Appio disse que recebeu ameaças veladas de Moro por meio do dono do instituto Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo. Hidalgo, porém, negou que tenha mandado qualquer tipo de recado de Moro.

“Recebi uma ameaça do Sergio Moro, quando eu estava umas três semanas antes de ser afastado […] através de um amigo comum, tanto meu quanto dele, que é o Murilo Hidalgo, dono do Instituto Paraná Pesquisas”, disse Appio em depoimento ao CNJ.

No depoimento, Appio narra um encontro dele com Hidalgo, na casa do magistrado. Na ocasião, o dono do Paraná Pesquisas teria dito: “Ou [você] tira o pé […] do Tacla Duran ou eles vão te tirar”. A frase é alusiva à tomada de depoimentos de Duran nas investigações então encabeçadas por Appio contra ações da Lava Jato.

E qual foi a argumentação da testemunha?

Entretanto, em manifestação judicial apresentada pelo próprio Hidalgo em 4 de julho, o dono do Paraná Pesquisas nega que esse diálogo tenha ocorrido.

“Ressalto, por oportuno, em resposta objetiva ao questionado, que nunca recebi qualquer recado do Senador Sergio Moro, especialmente para ser enviado ao juiz federal Eduardo Appio e, mais especificamente ainda, em relação à divergência entre ambos, desconhecendo por completo a afirmação mencionada”, declarou Hidalgo.

“O ora peticionário [Sergio Moro] esclarece, de pronto, que jamais e em tempo algum ameaçou ou enviou qualquer mensagem ou recado, direta ou indiretamente, ao juiz federal Eduardo Appio sobre qualquer investigação ou processo criminal”, declarou a defesa de Moro na petição encaminhada ao STF.

Em janeiro deste ano, o ministro Dias Toffoli instaurou inquérito para apurar denúncias apresentadas pelo ex-deputado e empresário Tony Garcia, segundo as quais integrantes da Lava Jato adotavam práticas como coação, chantagem e constrangimento ilegal. Até o momento, não houve qualquer comprovação desse tipo de denúncia.