“A retomada econômica no ápice da crise sanitária levará ao caos”, diz juiz que suspendeu reabertura em Brasília
Na decisão em que determina a suspensão do decreto do governador Ibaneis Rocha que reabriu bares, restaurantes, academias e salões de beleza -- à qual O Antagonista teve acesso --, o juiz Daniel Eduardo Branco Carnachioni, da 2ª Vara da Fazenda Pública do DF, diz que a flexibilização do isolamento na capital federal fez "os casos...
Na decisão em que determina a suspensão do decreto do governador Ibaneis Rocha que reabriu bares, restaurantes, academias e salões de beleza — à qual O Antagonista teve acesso –, o juiz Daniel Eduardo Branco Carnachioni, da 2ª Vara da Fazenda Pública do DF, diz que a flexibilização do isolamento na capital federal fez “os casos [de Covid-19] aumentarem exponencialmente e o Distrito Federal passou a flertar com uma grave crise sanitária e o risco iminente de colapso no sistema público e privado de saúde”.
O magistrado pede que o GDF apresente estudos que comprovem que reabrir o comércio agora é uma boa ideia.
“Se já há evidências concretas e reais, baseados em números e estatísticas, de que a flexibilização do isolamento e distanciamento social coloca em risco a saúde pública, pois os leitos de UTIs destinadas pela rede pública e privada estão no limite máximo da capacidade, qualquer ação governamental, por mais bem intencionada que seja em relação ao setor econômico (o que não se questiona), deve, necessariamente, estar pautada em estudos técnicos, científicos, planejamento sanitário e escalas de retomada econômica. As ações econômicas estão interligadas e necessariamente associadas às ações de saúde. Não há como dissociá-las. O aumento do número de casos também poderá comprometer o patrimônio público, pois o Distrito Federal terá de realizar gastos extraordinários para aumentar o número de leitos de UTIs, para tentar absorver a demanda que certamente virá com as medidas de flexibilização.”
O juiz também afirma que só faz sentido retomar as atividades econômicas quando houver sinais de estabilização do número de casos e o tal “achatamento da curva”.
“A retomada econômica no ápice da crise sanitária, com o sistema de saúde no limite máximo de sua capacidade de atendimento, mesmo que acompanhada dos melhores protocolos e medidas de segurança, levará ao caos na saúde pública e, como consequência, ao aprofundamento da crise econômica.”
Leia aqui a íntegra da decisão.
O pedido atendeu a uma ação popular impetrada pelo advogado Marivaldo Pereira, pelo jornalista Hélio Doyle, pelo cientista político Leandro Couto e pelo integrante do Conselho de Saúde Rubens Bias Pinto.
O Antagonista mostrou aqui que havia um risco de colapso na saúde da capital federal.
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