A ironia do ‘In Fux We Trust’
Considerando que seja verdadeira a conversa em que Deltan Dallagnol narra a Sergio Moro um encontro com Luiz Fux, é mais provável que o então juiz tenha sido irônico ao responder ao procurador com a expressão "In Fux We Trust"...
Considerando que seja verdadeira a conversa em que Deltan Dallagnol narra a Sergio Moro um encontro com Luiz Fux, é mais provável que o então juiz tenha sido irônico ao responder ao procurador com a expressão “In Fux We Trust”.
A troca de mensagens é de 22 de abril de 2016, mais de três semanas depois da decisão plenária que manteve a investigação de Lula no Supremo e que determinou a anulação do polêmico áudio entre Lula e Dilma – no qual combinavam a nomeação do petista para a Casa Civil.
Naquele julgamento, Fux foi voto vencido ao defender que o processo ficasse com Sergio Moro. O ministro já havia se manifestado favoravelmente à Lava Jato em outras ocasiões, sendo considerado praticamente o único interlocutor do Ministério Público no STF.
Ele nada pôde fazer para mudar o resultado e a investigação do caso do triplex só retornou para as mãos de Moro em junho, por decisão do mesmo Teori Zavascki que havia retirado os autos de Curitiba em março.
Fux era um aliado isolado. “Confiar” no ministro era, portanto, um consolo.
Confira a cronologia:
- Em 16 de março, Sergio Moro tira o sigilo dos áudios de Lula, que estava sendo investigado. Um deles é uma conversa em que Dilma combina a nomeação dele para a Casa Civil, a fim de protegê-lo da Lava Jato. No mesmo conjunto de áudios, estava aquele em que Lula dizia que o STF estava acovardado.
- A repercussão do caso inviabilizou a nomeação de Lula. No dia 18 de março, Gilmar Mendes acatou pedido de liminar apresentado por PSDB e PPS para suspender o ato presidencial. E ainda manteve a investigação com Moro.
- No dia 22 de março, a pedido da defesa de Lula, o ministro Teori Zavascki decide suspender a investigação e determina o envio dos autos para o Supremo. Ele também anulou o ato de divulgação do áudio.
- No dia 31 de março, o plenário do STF decidiu por ampla maioria manter a investigação de Lula no Supremo. Luiz Fux foi voto vencido. “É um procedimento que não tem nenhuma ligação com a presidente da República, que não estava sendo investigada”, disse Fux em seu voto.
- No dia 20 de abril, o Supremo previa julgar recurso contra a liminar que suspendeu a nomeação de Lula. Mas o julgamento foi adiado – dias antes a Câmara havia iniciado o processo de impeachment. O caso seria retomado em junho, já sem efeito prático.
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