Wokismo tropical: transativismo transforma crianças em cobaias
Muitos países estão retrocedendo em relação às tais políticas trans para crianças. Felizmente o bom senso está, aos poucos, se impondo à perigosa, maléfica e estúpida ideologia que vem afetando toda uma geração. O Brasil, porém, parece querer experimentar agora, em larga escala, o que já deu errado no resto do mundo
A folha de S.Paulo publicou uma matéria com o título: “Conservadores atacam políticas públicas para criança trans”. Apesar do título enviesado, que já deixa claro o “transativismo” da autora, fui ler a matéria pra me inteirar do tal “ataque conservador.”
Após citar uma frase de Bolsonaro, cometendo a primeira impropriedade de limitar a contraposição às políticas trans ao bolsonarismo, a repórter especial da Folha, Claudia Colluci, afirma que “a despeito de um conjunto de estudos nas áreas de desenvolvimento de gênero, neurociência e psicologia e de associações médicas internacionais atestarem a existência de crianças transgênero e validarem terapias direcionadas a elas, a medicina de gênero infantojuvenil tem sofrido reveses, com um escrutínio clínico, jurídico e político dos tratamentos ofertados”.
Todo o parágrafo é uma grande falácia. Primeiro porque a mestre em história da ciência pela PUC-SP e pós-graduada em gestão de saúde pela FGV, responsável pelo artigo, não cita especificamente um único trabalho científico que corrobore a sua afirmação, que se perde na generalidade do “conjunto de estudos”. Além disso, ela condena o que chama de “escrutínio clínico, jurídico e político dos tratamentos ofertados”, como se algo tão grave como a liberação de tratamentos para mudança de sexo de uma criança não precisasse ser escrutinado.
Ora, foi justamente o escrutínio de tais tratamentos que mostrou as evidências científicas dos seus malefícios, fazendo com que muitos países começassem a retroceder nessa questão. A própria repórter cita vários exemplos daquilo que ela chama de “reveses”. Nos Estados Unidos, informa ela:
“Ao menos 20 estados, a maioria liderados por republicanos, adotaram nos últimos anos medidas para restringir o acesso de crianças e adolescentes a cuidados relacionados à transgeneridade. O Alabama, por exemplo, aprovou uma lei que torna crime ofertar qualquer tipo de tratamento de afirmação de gênero a menores de 19 anos […] O estado também proíbe que estudantes trans usem banheiros e vestiários com base em suas identidades de gênero e que professores, do jardim de infância ao quinto ano, tratem de qualquer assunto relativo à identidade de gênero em sala de aula”.
Palmas para os Estados Unidos e para os republicanos. Mas sigamos com as queixas da autora acerca dos reveses nas políticas públicas para criança trans:
“Em março deste ano, o Reino Unido mudou a política de cuidados às crianças e aos adolescentes trans. O NHS, o serviço nacional de saúde britânico, interrompeu o uso rotineiro de bloqueadores da puberdade aos jovens com disforia ou incongruência de gênero […] A justificativa do NHS é que, após uma revisão de documentos iniciada em 2020, liderada pela pediatra Hilary Cass, não encontrou evidências suficientes para apoiar a segurança ou a eficácia clínica dos hormônios supressores da puberdade“.
Reino Unido e o relatório Cass
O referido relatório Cass, ao qual a repórter se refere displicentemente como se fosse algo de somenos importância, foi levado em consideração até pelo novo secretário de saúde do Reino Unido, Wes Streeting, do partido trabalhista, que decidiu tornar permanente a referida política do partido conservador que proibiu a prescrição de bloqueadores da puberdade a crianças por razões de gênero.
Criticado e pressionado pela militância trans do seu próprio partido, Streeting utilizou recentemente as redes sociais para justificar sua decisão. Cito a seguir os principais trechos da sua postagem no X:
“Os cuidados de saúde das crianças devem ser sempre guiados por evidências. Os medicamentos administrados às crianças devem sempre ser primeiro comprovados como seguros e eficazes. […] A Cass Review descobriu que não há provas suficientes sobre o impacto a longo prazo dos bloqueadores da puberdade na incongruência de gênero para saber se são seguros ou não, nem quais as crianças que podem se beneficiar deles. As evidências deveriam ter sido estabelecidas antes mesmo de serem prescritas. […]
O ex-secretário de Saúde emitiu despacho emergencial para estender a restrição à prescrição ao setor privado, o que defendo.
Os bloqueadores da puberdade têm sido usados para retardar a puberdade em crianças e jovens que iniciam a puberdade muito cedo. O uso nesses casos foi extensivamente testado (uma indicação muito diferente do uso na disforia de gênero) e atendeu a rigorosos requisitos de segurança.
Isso ocorre porque os bloqueadores da puberdade suprimem os níveis hormonais anormalmente elevados para a idade da criança. Isso é diferente de interromper o aumento normal de hormônios que ocorre na puberdade. Isso afeta o desenvolvimento psicológico e cerebral das crianças. Ainda não conhecemos os riscos de interromper os hormônios da puberdade nesta fase crítica da vida.
Essa é a base sobre a qual estou tomando decisões. Estou agindo com cautela nesta área porque a segurança das crianças deve estar em primeiro lugar […]”
Ou seja, a repórter militante queixa-se de uma mudança da política do Reino Unido que está fundamentada em um relatório realizado pela Dra. Hillary Cass, renomada pediatra, com apoio de pesquisadores da York University e que é resultado de quatro anos de trabalho de revisões sistemáticas de evidências clínicas e análise de diretrizes médicas globais acerca das “terapias de afirmação de gênero” para crianças e adolescentes.
Políticas trans no Brasil e as crianças cobaias
Após criticar a sensata decisão do Reino Unido, a repórter da Folha volta o seu olhar para o Brasil e chega finalmente àquilo que ela considera o tal ataque conservador: “Seguindo a toada dos Estados Unidos, o Brasil tem registrado um número crescente de projetos e de leis que tentam cercear direitos de pessoas trans”, afirma a repórter, informando ainda que “segundo o Ministério da Saúde, todo o normativo do Programa de Atenção Especializada à Saúde da População Trans, como é chamada a nova política, está em tramitação para a publicação”.
Como a própria reportagem explica, no Brasil há uma portaria do Ministério da Saúde, de 2013, que trata do assunto e uma resolução do CFM (Conselho Federal de Medicina), de 2019, que autoriza o uso de bloqueadores nos primeiros sinais de puberdade, mas veta cirurgias de modificação corporal a menores de 18 anos.
Segundo a reportagem da Folha, “no momento, ambas as normas passam por revisão e ainda não se sabe se, em relação às crianças e adolescentes trans, serão mais restritas às que vigoram hoje”.
Ou seja, a militância trans está atenta às mudanças das normas que regem essa delicada questão. Nós também devemos ficar atentos.
A fim de celebrar o dia da visibilidade trans, uma reportagem do site G1, de 2023, relatou que 280 crianças e adolescentes estão sendo submetidos a “transição de gênero” no Hospital das Clínicas da USP, sendo 100 crianças de 4 a 12 anos de idade e 180 adolescentes de 13 a 17 anos.
Conforme alerta o Movimento Infância Plena, “no Brasil, notamos um avanço na pressão social pela aceitação sem questionamentos de tais intervenções.”
Ora, os questionamentos quanto a essas intervenções estão se multiplicando em todo o mundo, como a própria transativista, autora da reportagem da Folha admite.
O fato é que muitos países estão retrocedendo em relação às tais políticas trans para crianças. Felizmente o bom senso está, aos poucos, se impondo à perigosa, maléfica e estúpida ideologia que vem afetando toda uma geração. O Brasil, porém, parece querer experimentar agora, em larga escala, o que já deu errado no resto do mundo.
É conhecida a frase de Millôr Fernandes “quando uma ideologia fica bem velhinha, vem morar no Brasil.” É uma tragédia que nossas crianças sejam transformadas em cobaias, em experimentos sociais de um wokismo dos trópicos.
Leia mais: JK Rowling contra a tirania da ideologia de gênero
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