Preocupação de Lula com crime organizado deve ser piada
Até parece que este senhor não é o “chefão” do PT, legenda que, ao lado de outros partidos, protagonizou o mensalão e o petrolão
Ora, ora, ora… E não é que um dos condenados no âmbito da Operação Lava Jato – em duas instâncias e também no Superior Tribunal de Justiça (STJ) – por corrupção e lavagem de dinheiro, hoje livre e presidente da República por obra de alguns ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que não apenas reviram seus votos sobre a possibilidade de prisão após uma condenação em segunda instância, como também, a partir de filigranas jurídicas e “suspeitas suspeições”, anularam todas as sentenças de Lula da Silva – a “Alma mais honesta deste país”, segundo ele mesmo – resolveu, agora, ficar preocupado com o crime organizado, mais precisamente com a possibilidade de criminosos atuarem na administração pública, como se isso já não acontecesse?
Até parece que este senhor não é o “chefão” do Partido dos Trabalhadores (PT), legenda que, ao lado de outros partidos, protagonizou o mensalão e o petrolão – este, o maior caso de corrupção da história do ocidente democrático. Até parece que este senhor, o pai do Ronaldinho dos Negócios (filho que enriqueceu após o papis se tornar presidente, recebendo polpudos investimentos de empresas beneficiadas pelo governo), não era – ou é – amigo íntimo de corruptos confessos (Emílio Odebrecht, Leo Pinheiro, José Dirceu e Antônio Palocci, entre outros), igualmente condenados e presos por crimes cometidos no petrolão. Aliás, até parece que não foi ele, Lula, quem convidou à mesa, recentemente, os irmãos Wesley e Joesley Batista, da J&F, cuja fama os precede.
Mas, sim. Lula tem razão. Ainda que atrasado, pois o crime organizado já está inserido na administração pública, nas três esferas (municipal, estadual e federal) e Poderes (executivo, legislativo e judiciário) há muito tempo. Organizações criminosas mandam e desmandam em prefeituras do interior e de regiões metropolitanas, como do Rio de Janeiro, dominando funções públicas como alvarás e fiscalizações, em uma assustadora atuação paraestatal. Aliás, como esquecer que tivemos dois dos quatro últimos presidentes da República presos? Ou seis governadores fluminenses também presos ou afastados nos últimos quatro anos? Ou a presença de quadrilhas nos tribunais de contas e mesmo – outra vez! -, atuando na compra de sentenças em tribunais superiores?
Como se diz popularmente: “tá tudo dominado”
Na reunião ocorrida na quinta-feira, 30 de outubro em Brasília, para tratar de segurança pública, notadamente sobre a criação de um tal Sistema Único de Segurança, que resolveram de forma completamente descabida comparar com o SUS (Sistema Único de Saúde), com a presença do presidente da República, do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, e de diversos governadores, Lula disse: “Logo, logo o crime organizado vai estar participando de concurso, indicando juiz, procurador, político candidato“. Na boa, presida, o crime organizado – com ou sem concurso – já está entre os seus (colegas servidores públicos). E faz tempo! Inclusive, quando algum deles é flagrado pela Justiça, o senhor costuma dizer: “Se alguém cometeu algum malfeito que pague“.
Mas, não, presidente. Não se trata de malfeitos, mas de crimes. Por isso, quando o senhor declara que “A gente vê, de vez em quando, falar do Comando Vermelho, do PCC. E eles estão em quase todos os estados, disputando eleições e elegendo vereadores. E, quem sabe, indicando pessoas para utilizar cargos importantes nas instituições brasileiras“, o senhor cai em contradição, o que, diga-se, jamais lhe foi um problema, pois, repito, não será “logo logo” que o crime organizado participará de concurso. Mas isso o senhor já sabe muito bem. Apenas se faz, como de costume, de desentendido, para depois colocar a culpa – para não variar – em alguém.
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