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Por que ninguém compra a Braskem? Pergunte à Petrobras

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Carlos Graieb
3 minutos de leitura 08.05.2024 20:52 comentários
Análise

Por que ninguém compra a Braskem? Pergunte à Petrobras

Segundo o presidente da estatal, Jean Paul Prates, a estatal poderia "eventualmente" comprar a participação da Novonor, ex-Odebrecht, na petroquímica

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Carlos Graieb
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Por que ninguém compra a Braskem? Pergunte à Petrobras
Foto Lula Marques/ Agência Brasil

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, afirmou nesta terça-feira, 7, que “não havendo um comprador”, a estatal pode adquirir a participação da Novonor, ex-Odebrecht, na petroquímica Braskem.

A declaração veio um dia depois de a Abu Dhabi National Oil Company (Adnoc) desistir de uma negociação iniciada em novembro do ano passado. Antes disso, o grupo J&F e a Unipar já haviam feito ofertas pela fatia da Novonor na companhia, que corresponde a 50,1% das ações. Essas propostas também foram abandonadas.

Se ao menos três empresas chegaram fazer ofertas de até 10,5 bilhões de reais, a ideia de “não haver compradores” não procede. É por algum outro motivo que o negócio não se concretiza.

A Petrobras é o obstáculo

O problema estaria no passivo da Braskem em Maceió, onde seus trabalhos de mineração causaram o afundamento do solo de cinco bairros? As indenizações devidas pela empresa chegaram ao montante de 14,4 bilhões de reais.

É improvável, porque esses fatos já eram conhecidos quando as propostas de compra foram apresentadas.

Há uma outra possibilidade: o obstáculo seria a própria Petrobras, que detém 36,1% do capital da Braskem. Ela ganha força diante das outras declarações de Prates na entrevista concedida à agência epbr.

Sócio “adequado”

Segundo o petista, a estatal poderia ampliar sua participação na Braskem até pelo menos 50% do capital, para estar em “igualdade de condições” com qualquer futuro sócio:

“Essa é a nossa chance de colocar no mínimo o co-controle da empresa, que é muito importante para nós, e na nossa visão de gestão atual, liderada inclusive pelo presidente Lula.”

A outra saída aceitável para a Petrobras seria encontrar um sócio “adequado”:

“Podemos obviamente assistir todo esse processo (de venda), participar dele, e não exercer a opção ao final em função do sócio ser adequado e das proporções e dos acordos serem satisfatórios para nós.”

Os bons companheiros

Deu para entender? Procura-se um sócio alinhado aos objetivos da própria Petrobras e do governo Lula. Um parceiro disposto a fazer da Braskem não apenas uma companhia rentável, mas também uma ferramenta no projeto político do PT e um playground para a companheirada sindicalista que exerce enorme influência na petrolífera.

A Novonor foi esse sócio por muito tempo. Aliás, só tenta se desfazer de sua participação na Braskem porque isso é indispensável para revitalizar o coração do grupo, que é a construtora.

A Petrobras salva a pele da Novonor se comprar o seu pedaço na Braskem. Ao mesmo tempo, garante o controle estatal sobre o setor petroquímico. Se vender mais tarde uma parte das ações, não se contentará em assegurar “no mínimo o co-controle da empresa”, como disse Prates.

Capitalismo deformado

Essa história desperta uma desagradável sensação déjà vu. A Petrobras parece querer de volta um mundo de empresas-comparsas. Como se o petrolão jamais tivesse acontecido.

Há muito que admirar na Petrobras. Sob o controle do petismo e da elite sindical aliada do partido, no entanto, ela ganha feições perversas, usando o seu peso para deformar o capitalismo brasileiro.

Leia também:

A volta da “companheirada” aos negócios

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Carlos Graieb

Carlos Graieb é jornalista formado em Direito, editor sênior do portal O Antagonista e da revista Crusoé. Atuou em veículos como Estadão e Veja. Foi secretário de comunicação do Estado de São Paulo (2017-2018). Cursa a pós-graduação em Filosofia do Direito, da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP).

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