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Os tucanos dormiram debaixo da chuva 

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Carlos Graieb
3 minutos de leitura 15.05.2024 18:29 comentários
Análise

Os tucanos dormiram debaixo da chuva 

PSDB reclama do protagonismo que Lula tenta assumir na resposta ao desastre no RS. Chorar não adianta, única solução é mostrar liderança

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Carlos Graieb
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Os tucanos dormiram debaixo da chuva 
Governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite | Fotos: Gustavo Mansur/ Palácio Piratini

O tucanato reagiu mal ao anúncio de que o petista Paulo Pimenta ficará estacionado no Rio Grande do Sul nos próximos meses, com a missão de representar o governo federal (e construir seu nome como possível candidato a governador) na resposta à catástrofe climática.

O governador gaúcho Eduardo Leite (foto) lamentou ter ficado sabendo da nomeação pela imprensa.

Aécio Neves, ainda hoje uma figura influente no PSDB, sugeriu que a nomeação de Pimenta como “ministro extraordinário” faz lembrar o tempo dos interventores, quando Getúlio Vargas governava o Brasil, e representa uma “excrescência” que “politiza” o drama vivido pelos gaúchos.

“Todo o esforço colaborativo que tem havido até agora, e que reconhecemos, é jogado por terra por essa decisão impensada e extremamente equivocada”, disse  Aécio.

Oportunismo de profissional

É óbvio que o PT está procurando se aproveitar politicamente da situação. Mas não é com choradeira que os tucanos vão escapar dessa cilada. A única solução é assumir de maneira inequívoca a liderança nos processos de socorro aos atingidos pelas chuvas e de reerguimento do Estado. 

Notem que até nisso os petistas saíram na frente: o cargo ocupado por Pimenta não é voltado às questões imediatas, mas à “reconstrução do Rio Grande do Sul”. O PT já trata de se apoderar do dia seguinte. É oportunismo de profissional, não de amador. 

Eduardo Leite sempre esteve numa posição desvantajosa. Como as finanças gaúchas estão em petição de miséria, não tinha outra saída que não passar o pires em Brasília. Como muitas cidades foram atingidas, prefeitos brigam pelo acesso aos recursos. 

Essas duas circunstâncias – o fato de boa parte dos dinheiro vir dos cofres federais e a existência de uma multiplicidade de atores políticos querendo se fazer ouvir – tornam o cenário propício para que a equipe de Lula busque um contato direto com as cidades, passando por cima do governador.

Uma visão para o futuro

Leite e sua equipe deveriam ter previsto esse risco. Como não o fizeram, precisam correr atrás do prejuízo. Não sou estrategista político para dizer como, mas um dos poucos caminhos viáveis parece ser o de apresentar uma visão diferente para o Rio Grande do Sul depois da chuva. Não apenas reconstruir, mas fazer melhor: um estado na vanguarda da preparação para os desafios climáticos.

É claro que qualquer investimento nessa direção também vai depender de recursos do governo federal, mas se tiver em mãos um plano crível para o futuro, o governador já não será apenas o sujeito que pede um alívio nas dívidas, ou um intermediário potencialmente incômodo entre os donos do dinheiro e as cidades que vão usá-lo. Poderá recobrar o protagonismo. 

Por enquanto, até a linguagem corporal de Eduardo Leite mostra mais alguém compungido e atormentado pela tragédia do que um político pronto para liderar diante do inesperado. 

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Carlos Graieb

Carlos Graieb é jornalista formado em Direito, editor sênior do portal O Antagonista e da revista Crusoé. Atuou em veículos como Estadão e Veja. Foi secretário de comunicação do Estado de São Paulo (2017-2018). Cursa a pós-graduação em Filosofia do Direito, da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP).

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