Os sentimentos difusos dos judeus em um dia histórico
É um dia de fato histórico para o estado judeu e sua população. É um dia que ficará marcado na história judaica como tantos outros
O pesadelo vivido por milhares de famílias israelenses, sobretudo as judias, desde 7 de outubro de 2023, jamais terá um fim. Amigos e familiares das vítimas – fatais ou não – da barbárie terrorista protagonizada pelo Hamas carregam e carregarão, eternamente, as feridas incuráveis, que tão somente os próprios conseguem sentir e compreender.
A um judeu da diáspora, ainda que visceralmente ligado à tragédia e à dor de seu povo, só resta compreender e se solidarizar incondicionalmente com todo e qualquer sentimento, pois real e legítimo. Digo isso porque, após conversar com amigos em Israel e aqui – com familiares por lá -, notei como as emoções estão confusas e difusas.
Obviamente, todos estão felizes e aliviados com o retorno dos reféns – lembrando que ainda há 28 desaparecidos. Todos, igualmente, nutrem esperança por dias melhores e torcem por isso. Porém, alguns não só desconfiam da eficácia do plano de paz como são, em alguma medida, contrários, principalmente pela libertação de prisioneiros terroristas.
Muitas emoções
Há um sentimento de revolta por parte de familiares que tiveram entes queridos mortos em atentados anteriores: “Por que a vida deles importa menos que a dos reféns?”. Pode parecer egoísmo e até mesmo um sentimento contraproducente, mas perfeitamente compreensível. É neste ponto que repito minha compreensão e solidariedade irrestritas.
Igualmente, há muita controvérsia em torno do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Enquanto muita gente o culpa e o acusa “pela falha de segurança em 7 de outubro, pela resposta desproporcional, pelo isolamento diplomático de Israel, por propositadamente manter a guerra etc.”, muitos o têm como um verdadeiro herói nacional.
Sem qualquer juízo de valor político sobre seu governo, seus enroscos com a Justiça israelense e sua atuação militar durante todo esse período, é fato que Bibi se encontra em um jogo de “perde-perde”. Internamente é criticado por metade do país e externamente, tido como um criminoso de guerra e líder de um genocidio em Gaza.
Vencedores e perdedores
Lado oposto, encontra-se o presidente americano Donald Trump, visto como o verdadeiro responsável pelo fim – ao menos anunciado – da guerra. Se é fato que sem o apoio dos EUA, principalmente o bombardeio das instalações nucleares iranianas, o Hamas não estaria obrigado a se render, é fato que Israel, leia-se Netanyahu, pavimentou o caminho.
É um dia de fato histórico para o estado judeu e sua população. É um dia que ficará marcado na história judaica como tantos outros, mas é preciso cautela e moderação, pois não apenas há todo um entorno de muito sofrimento, como também muito ódio e revolta. Ter resiliência será fundamental. E articulação política interna, idem.
Por fim, uma observação a respeito do governo brasileiro, notadamente do presidente Lula: o silêncio sobre a libertação dos reféns reforça as falas e atitudes pregressas. Metaforicamente falando, o lulopetismo, a esquerda e os antissemitas mundo afora estão de luto. Perderam, ao menos temporariamente, uma de suas bandeiras, um de seus falsos palanques.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (1)
Clayton De Souza pontes
13.10.2025 14:11Pelo menos temos um horizonte de arrefecimento nas hostilidades. A libertação dos reféns ajudara a equilibrar as tensões e reduzir a pressão sobre o governo de Israel