Os caminhos da oposição a Lula em 2026, à luz da Quaest
Tendências são mais reveladoras que os números?

A pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta segunda-feira, 3 de janeiro de 2025, com possíveis cenários para a eleição presidencial de 2026, confirma com números e tendências as análises que vêm sendo feitas em O Antagonista:
- Lula está em queda, mas o lulismo seguirá propagandeando que ele ganha de todo mundo com facilidade, já que permanece numericamente à frente, pois é o potencial candidato mais conhecido no país (96%) e seu último “adversário” eleitoral, também conhecido nacionalmente (94%), conseguiu a proeza de ser mais rejeitado que ele, além de ter dividido a oposição, a ponto de “celebridades” entrarem na cena política, colocando seus nomes para jogo.
- Lula tem 49% de rejeição e 47% de “conhece e votaria”. Dá para entender por que precisa tanto do inelegível Jair Bolsonaro, que tem 53% de rejeição e 41% de “conhece e votaria”. Um se limpa na sujeira do outro. Que o diga o ministro da Fazenda do governo Lula, Fernando Haddad, que conseguiu ser mais rejeitado que os dois (56%), tendo pouco mais da metade de “conhece e votaria” (24%).
- Ciro Gomes, sucessivamente derrotado em eleições presidenciais, marca 28% de “conhece e votaria”, mas permanece com alta rejeição (52%), sendo já tão conhecido quanto Haddad (80%). Outro sinal de que a esquerda, sem Lula, fica sem opção.
- Eduardo Bolsonaro é ainda mais rejeitado (55%) que o pai; e, em matéria de “conhece e votaria”, fica 1 ponto atrás (22%) de Tarcísio de Freitas (23%), que tem rejeição muito menor (32%) e é bem menos conhecido (55%, ante 77% de Eduardo).
- Já Michelle Bolsonaro, conhecida por 77%, tem 29% de “conhece e votaria”, mas empata com Lula em rejeição: 49%. Como é a menos rejeitada da família, seguirá tendo seu nome ventilado para 2026, ainda que seja tão rejeitada quanto Lula.
- A rejeição altíssima de Jair Bolsonaro já fez com que perdesse em 2022 e mantém altas suas chances de derrota em 2026 em caso de acordão que reverta sua inelegibilidade; mas, como é mais conhecido no país que outros candidatos e por conseguinte fica numericamente à frente deles em “conhece e votaria”, o bolsonarismo seguirá propagandeando que só ele (ou cônjuge/familiar dele) tem chances contra Lula;
- No cenário de primeiro turno sem Eduardo Bolsonaro, nem o pai inelegível, Lula fica em primeiro lugar com 30%, Tarcísio de Freitas (SP) em segundo com 13%, o cantor sertanejo Gusttavo Lima em terceiro com 12%, o influenciador digital Pablo Marçal em quarto com 11%, o ex-governador Ciro Gomes (CE) em quinto com 9%, Romeu Zema (MG) e Ronaldo Caiado (GO) em sexto, cada um com 3%. Ou seja: o único político com mandato que seria capaz de chegar ao segundo turno contra Lula, derrotando inclusive duas “celebridades” com retórica de direita, é Tarcísio.
- Curiosamente, os candidatos dessa “direita”, atualmente dividida, somariam 42% dos votos, contra os 30% de Lula (que, mesmo no cenário improvável de atrair todos os 9% de Ciro Gomes, ainda ficaria 3 pontos atrás, com 39%). A soma indica boas chances de vitória contra o petista em caso de união do campo antipetista em torno de um nome de maior consenso entre seus diversos segmentos.
- Em cenário sem Tarcísio e com Eduardo, há empate entre Gusttavo Lima e Pablo Marçal em segundo lugar, com 12%, enquanto o filho de Jair Bolsonaro fica com 11%. Em cenário sem Tarcísio nem Eduardo, Marçal fica em segundo lugar, superando Lima em 1 ponto: 14% a 13%. Em cenário sem Tarcísio, nem Marçal, nem Eduardo, Lima chega a 18%, isolado em segundo lugar.
- Os números de Gusttavo Lima mostram a força do interior do Brasil, que poucos no Sudeste dimensionam: ele é conhecido por 79% (mais que os quatro governadores listados e só 1 ponto atrás de Ciro Gomes), alcançando, assim, o terceiro maior índice de “conhece e votaria” (29%, atrás apenas de Lula e Bolsonaro). Lima, no entanto, também apresenta rejeição alta (50%). Ainda assim, o cantor é quem consegue, hoje, o melhor resultado contra Lula em segundo turno, ficando apenas 6 pontos atrás do petista: 35% a 41%.
- Os números de Pablo Marçal mostram que, embora derrotado no primeiro turno na eleição municipal de São Paulo, ele mantém seguidores no restante do território brasileiro que não votaram na capital paulista, mas turbinam sua base nacional. Conhecido por 68%, ele tem 26% de “conhece e votaria” e 42% de rejeição. Está 10 pontos atrás de Lula, em eventual segundo turno: 34% a 44% — o mesmo resultado de Eduardo contra o petista.
- Caso Lima e Marçal sigam competitivos em primeiro turno até 2026, poderá ser lucrativo para ambos manterem seus nomes em disputa e, eventualmente, negociarem desistência antes da votação, ou apoio a outro candidato no segundo turno, sob determinadas condições. Isso, claro, embaralha ainda mais o jogo. Marçal já mostrou em SP que não está, necessariamente, amarrado a Bolsonaro.
- Tarcísio de Freitas, Romeu Zema e Ronaldo Caiado têm rejeição baixa (32%, 23% e 21%) e começam a crescer em aprovação nos cenários de disputa direta contra Lula, o que indica um forte potencial de crescimento dos três (ou de eventual chapa conjunta), já que ainda são bem menos conhecidos nacionalmente: 55% conhecem o governador de SP; 38%, o de Minas Gerais; e 32%, o de Goiás.
- Lula perdeu 9 pontos (caindo de 52% para 43%) na disputa com Tarcísio, que subiu 8: de 26% para 34%. Neste momento, portanto, apenas 9 pontos separam um presidente com 3 mandatos (de um partido com 5, no total) de um governador de primeiro mandato, que hoje passaria ao segundo turno, segundo a pesquisa.
- Lula também perdeu 9 pontos (caindo de 54% para 45%) na disputa com Ronaldo Caiado, que subiu 6: de 20% para 26%. A distância atual é de 19 pontos.
- Sobre Romeu Zema, Lula tem agora 17 pontos de vantagem: 45% a 28%.
- O jogo ainda está em aberto, com várias possibilidades na mesa, mas o caminho de crescimento da oposição, facilitado pelo fracasso de Lula no governo, tem como maior obstáculo — diante das recentes declarações de Jair Bolsonaro desmerecendo os demais nomes — a eventual sabotagem bolsonarista, em razão da prioridade do ex-presidente indiciado de escapar da cadeia e de sua consequente articulação para emplacar no poder (ou, no mínimo, como vice da chapa opositora) quem ele possa controlar… ainda que jamais tenha controlado a si próprio.
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Comentários (3)
Kubrio
04.02.2025 13:13Surreal ! Concordo com a Márcia Cristina ..
DUILIO RIBEIRO BARBOSA
03.02.2025 17:16Cenário lindo: Caiado/Leite
Márcia Cristina Reimann
03.02.2025 16:33Cenário lindo seria, Tarcísio e Caiado/Zema na cabeceira, e devidamente negociados alguns ministérios para os outros. Todos unidos na mesma chapa. Seria o CÉU!!!!