O possível crime de antissemitismo do governo Lula O possível crime de antissemitismo do governo Lula
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O possível crime de antissemitismo do governo Lula

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Catarina Rochamonte
5 minutos de leitura 09.10.2024 17:44 comentários
Análise

O possível crime de antissemitismo do governo Lula

A corrosão ideológica do terceiro governo Lula traz deformidades antigas como o antiocidentalismo e o antiamericanismo, acrescido de componentes idiossincráticos do mandatário e, como novidade, uma forma sui generis de antissemitismo mal disfarçado, escorado em um antissionismo desvairado e estridente

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O possível crime de antissemitismo do governo Lula
Foto: Fábio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Por critério puramente ideológico, o governo brasileiro vetou uma licitação vencida com toda legitimidade por Israel. A denúncia foi feita pelo próprio ministro da Defesa do governo Lula que declarou, nesta terça-feira 9 de outubro: “Houve agora uma concorrência, uma licitação… Venceram os judeus, o povo de Israel, mas, por questão da guerra, do Hamas, os grupos políticos… Nós estamos com essa licitação pronta, mas, por questões ideológicas, nós não podemos aprovar”.

O ministro José Múcio não entrou em detalhes, mas se trata da compra de canhões que ficam acima de caminhões blindados e que as Forças Armadas do Brasil consideram de grande importância; daí o desabafo/denúncia do ministro da Defesa.

Outro detalhe que o ministro deixou de lado – ou não nomeou incisivamente – foi o aspecto possivelmente criminoso do veto; imposto, aparentemente, por motivo de ódio ideológico antissemita: no Brasil, de acordo com a Constituição de 1988, antissemitismo se inclui nos crimes de racismo.

A fala do ministro José Múcio é grave; precisa ser investigada na via judicial e levada em conta pelo Parlamento. Neste âmbito, já se adiantou o deputado Kim Kataguire, que pretende convocar o ministro da Defesa para dar explicações na Comissão de Fiscalização da Câmara.

A denúncia do veto a Israel foi a mais grave, mas não foi a única. Uma outra, talvez não criminosa, mas também prejudicial aos interesses brasileiro, refere-se ao veto a uma venda de munições de tanque para a Alemanha em 2023: “Temos uma munição no Exército que não usamos. Fizemos um grande negócio. Não faz, porque senão o alemão vai mandar pra Ucrânia e a Ucrânia vai usar contra a Rússia e a Rússia vai mexer nos nossos acordos de fertilizantes”, disse o ministro José Múcio.

A referida iniciativa do deputado Kim Kataguire de convocar o ministro de Lula para esclarecimentos foi seguida de outra semelhante pelo deputado Alfredo Gaspar, que nesta quarta-feira, 9, apresentou convite para ouvir José Múcio não só quanto à denúncia sobre o veto à licitação vencida por Israel, mas também sobre a venda de munições para a Alemanha.

Os nobres deputados, todavia, devem ter em mente que outro personagem – mais que ninguém envolvido nestes assuntos – deve ser convidado ou convocado para dar explicações: Celso Amorim, conselheiro do presidente Lula e ministro paralelo do Exterior. Foi Amorim quem orientou Lula quanto ao veto à licitação vencida por Israel, e tem longamente orientado Lula na amistosa relação entre o presidente brasileiro e o tirano imperialista invasor da Ucrânia.

Antiocidentalismo, antissemitismo e estupidez

O mundo está em guerra. A bem da verdade, nunca esteve em paz. Mas o leitor sabe do que estou falando. Há duas guerras em curso que têm mobilizado a política externa das principais potências europeias e dos Estados Unidos.

Embora o Brasil seja insignificante no que tange à continuação ou ao fim da guerra no Oriente Médio e na Ucrânia, a postura do presidente Lula em relação a esses dois conflitos deixou bastante claro o seu pendor liberticida, seu apreço pela tirania, sua admiração por regimes fortes, ditatoriais e cruéis, seja ele representado na forma de uma teocracia fundamentalista islâmica, como é o caso do Irã com seus tentáculos terroristas, seja representado na forma de um pan eslavismo expansionista reacionário, como é o caso da Rússia.

A corrosão ideológica do terceiro governo Lula traz deformidades antigas como o antiocidentalismo e o antiamericanismo, acrescido de componentes idiossincráticos do mandatário e, como novidade, uma forma sui generis de antissemitismo mal disfarçado, escorado em um antissionismo desvairado e estridente. Por este aspecto, considere-se, a nova extrema esquerda presta à extrema direita um relevante serviço, arrebatando-lhe a identificação com o repugnante preconceito antissemita, tradicionalmente vinculado à extrema-direita nazista.

O antiocidentalismo da nova esquerda é um balaio cheio contrassenso. Por exemplo, desde a Revolução Francesa – quando o termo “esquerda” ganhou sua conotação política – todas as correntes esquerdistas propugnaram pelo progresso. O marxismo, representação máxima da esquerda desde o início do século 20, apresenta sua linha evolutiva da humanidade com foco no progresso da civilização europeia, que os revolucionários deveriam estender para o mundo todo.

Eis que os ideólogos antiocidentalistas pretendem agora que o progresso da humanidade dependa da condução de países os mais atrasados do mundo, como o Irã. Essa estupidez, parida por intelectuais do Ocidente, pretende que a primeira condição para a felicidade universal seja a destruição de toda a construção civilizatória de origem ocidental.

Nesse momento em que o Ocidente é ameaçado pela Rússia e pelo fundamentalismo islâmico, Ucrânia e Israel atuam como escudos para o mundo livre. Lula e Celso Amorim, porém, tenho denunciado insistentemente, optaram pela diplomacia do mal, fazendo do Brasil o idiota útil de tais regimes tirânicos. São traidores da pátria, atuam contra o interesse da nossa nação e do nosso povo. Bem sei que as instituições no Brasil são bastante frágeis, mas, como cidadã, não posso ter outra atitude senão exortar o parlamento a agir.

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