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O duplo padrão de Janja

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Wilson Lima
3 minutos de leitura 20.12.2023 06:45 comentários
Análise

O duplo padrão de Janja

A primeira-dama Janja defendeu, durante a live oficial Conversa com o Presidente a regulação das redes sociais e afirmou que Elon Musk ficou “mais milionário” após ela ter sofrido um ataque hacker...

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Wilson Lima
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O duplo padrão de Janja
Foto: Reprodução/ TV Brasil

A primeira-dama Janja defendeu, durante a live oficial Conversa com o Presidente, a regulação das redes sociais e afirmou que Elon Musk ficou “mais milionário” após ela ter sofrido um ataque hacker.

Para ser mais preciso, eis o que a primeira-dama disse:

“As redes sociais estão acima as regras, acima do famoso mercado e achamos que precisamos [regular] de alguma forma. Nos últimos dias, tenho discutido bastante com as pessoas e o governo está com uma proposta de combate à violência contra as mulheres, digital. Tem que discutir isso de forma mais intensa.”

Pois bem, vamos aos fatos.

Janja, mesmo em sua tentativa de ressignificar o papel de primeira-dama, em momento algum defendeu algo nessa linha antes de ter sido hackeada por um molecote de 17 anos. Esse é um assunto delicadíssimo e Janja sabe disso. Lula, embora queira muito regular as redes sociais, também tem essa consciência.

A regulação da rede pode custar caro ao governo. Muito caro.

Nem é necessário ir muito longe para se constatar essa dificuldade do governo em aprovar qualquer projeto que trate de redes sociais. O PL das Fake News, mesmo com a ajuda do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ficou na gaveta justamente por falta de apoio político.

Agora, há uma ressalva importante, e que vem bem a calhar nessa discussão.

A própria primeira-dama ajudou a esfriar as discussões sobre o PL das Fake News.

Eis os fatos.

Quando o projeto estava em tramitação na Câmara, Lira buscou construir um acordo para equacionar um dos principais gargalos do texto: a remuneração do jornalismo pelas big techs.

A Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão) se opôs ao dispositivo que obrigaria os serviços de streaming a efetuar novos pagamentos de direitos autorais para cantores, atores e obras de audiovisual. O pagamento de royalties também afetaria os serviços de jornalismo e, de quebra, atingiria o grupo Globo – tanto no que tange à produção de notícias quanto no que se refere aos produtos de entretenimento.

Janja, por sua vez, apoiou publicamente um grupo de artistas liderado pela produtora Paula Lavigne, que era a favor da remuneração complementar. Como houve cisão entre os interesses da Abert e dos artistas, Lira achou melhor deixar o projeto de lado até se achar uma solução para o imbróglio.

Esse ponto foi citado ao longo dos últimos dias por parlamentares que são favoráveis ao PL das Fake News. Nas rodas de conversa, uma frase não sai da boca de alguns congressistas: “Ué, mas a Janja era a favor de se ter uma discussão melhor. Agora, mudou de ideia?”

Sim, ela mudou de ideia.

E por um motivo simples: porque ela teve a conta hackeada por um molecote de 17 anos.

E eis o nosso Brasil. Um Brasil em que interesses públicos e privados fundem-se. E fundem-se da pior forma possível.

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Wilson Lima

Wilson Lima é jornalista formado pela Universidade Federal do Maranhão. Trabalhou em veículos como Agência Estado, Portal iG, Congresso em Foco, Gazeta do Povo e IstoÉ. Acompanha o poder em Brasília desde 2012, tendo participado das coberturas do julgamento do mensalão, da operação Lava Jato e do impeachment de Dilma Rousseff. Em 2019, revelou a compra de lagostas por ministros do STF.

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