Netanyahu esboça "plano realista" para a paz em Gaza Netanyahu esboça "plano realista" para a paz em Gaza
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Netanyahu esboça “plano realista” para a paz em Gaza

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Carlos Graieb
4 minutos de leitura 23.05.2024 18:15 comentários
Análise

Netanyahu esboça “plano realista” para a paz em Gaza

Pela primeira vez, primeiro-ministro israelense apresenta três passos para um pós-guerra em Gaza

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Carlos Graieb
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Netanyahu esboça “plano realista” para a paz em Gaza
Reprodução

A entrevista que o primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu concedeu à CNN na última terça-feira não recebeu a devida atenção no Brasil.

Ela traz pela primeira vez, ainda que de maneira sucinta, uma proposta de Netanyahu para o pós-guerra em Gaza. 

“Eu tenho um plano muito claro”, disse o político israelense. 

Três passos

Depois de reiterar mais uma vez a necessidade de submeter o grupo terrorista Hamas a uma derrota completa (“caso contrário, não há futuro para Gaza, não há futuro para a paz”), Netanyahu mencionou três medidas:

1. “Promover uma desmilitarização sustentada de Gaza, e acredito que a única força capaz de impedir o ressurgimento do terrorismo, nesse caso, num futuro próximo, é Israel.”

2.“Ao mesmo tempo, eu quero uma administração civil feita por habitantes de Gaza, que não sejam do Hamas, nem comprometidas com a destruição de Israel.”

3. “A terceira coisa é uma reconstrução de Gaza, se possível feita pelos países árabes moderados e pela comunidade internacional.”

“Plano realista”

Netanyahu resumiu assim o que chamou de um “plano realista”:

“Democratização, administração civil por habitantes de Gaza não comprometidos com a destruição de Israel e reconstrução responsável”. 

O primeiro-ministro também negou que pretenda ocupar o território de Gaza com colônias israelenses. 

“A possibilidade de uma recolonização de Gaza nunca esteve sobre a mesa”, disse ele. “Alguns de meus apoiadores não gostam disso, mas é a minha posição.”

Corrosão do apoio a Israel

A ausência de uma visão para o futuro tem sido uma das principais razões para a corrosão do apoio ao governo israelense, tanto no plano interno quanto entre aliados internacionais. 

Um dia antes da declaração de Netanyahu, o ministro integrante do gabinete de guerra Benny Gantz prometeu demitir-se, caso uma proposta concreta sobre o território palestino não seja apresentada até 8 de junho. 

A defecção de Gantz, considerado um “centrista” no gabinete do premiê, que também abriga fundamentalistas religiosos como Bezalel Smotrich, ajudaria a minar a legitimidade doméstica do governo.

A falta de uma visão para o pós-guerra tabém foi a razão citada pelo primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez para reconhecer a Palestina como Estado, ao lado de França e Noruega. 

“O primeiro-ministro Netanyahu não tem um projeto de paz para a Palestina”, disse o socialista Sánchez ao anunciar, nesta quarta (22), o novo posicionamento da Espanha.    

Dificuldades no caminho

A decisão dos três países europeus de reconhecer a Palestina um dia depois da entrevista de Netanyahu mostra que ele terá de avançar no desenho de planos políticos, caso queira estancar a perda simpatia entre aliados tradicionais. 

Uma das dificuldades que o premiê israelense enfrenta para tanto pode ser encontrada numa das declarações à CNN transcritas acima. 

Quando ele diz que “alguns de seus apoiadores não gostam” de sua rejeição à ideia de implantar colônias em Gaza, ele se refere a grupos de extrema-direita que são minoritários na política israelense, mas cruciais para que o seu governo mantenha a maioria no parlamento e não tenha de convocar eleições antecipadas. 

Também é importante notar que a “reconstrução responsável” é uma tarefa que Netanyahu delegaria a outros países, e não a Israel.

Finalmente, Netanyahu descarta a Autoridade Palestina (AP), que administra a Cisjordânia, como possível parceira para a gestão de Gaza. 

Segundo ele, a AP é um dos grupos que trabalham contra a paz, “ensinando suas crianças a buscar a destruição de Israel e apoiando o terrorismo”.

A rejeição de Netanyahu ao grupo palestino estreita as opções de interlocutores para discussões sobre o pós-guerra.    

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Carlos Graieb

Carlos Graieb é jornalista formado em Direito, editor sênior do portal O Antagonista e da revista Crusoé. Atuou em veículos como Estadão e Veja. Foi secretário de comunicação do Estado de São Paulo (2017-2018). Cursa a pós-graduação em Filosofia do Direito, da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP).

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