Nem toda unanimidade é burra Nem toda unanimidade é burra
O Antagonista

Nem toda unanimidade é burra

avatar
Rodrigo Oliveira
3 minutos de leitura 18.09.2024 08:52 comentários
Análise

Nem toda unanimidade é burra

Diretores do BC devem aumentar a taxa Selic após quatro meses estável, mas a decisão não pode deixar dúvidas sobre compromisso do colegiado

avatar
Rodrigo Oliveira
3 minutos de leitura 18.09.2024 08:52 comentários 0
Nem toda unanimidade é burra
Foto: Reprodução

Esta superquarta tem a primeira mudança nos juros básicos dos Estados Unidos e do Brasil em alguns meses. Novamente, os bancos centrais de cada um dos países enfrentam dilemas distindos.

Nos EUA, o grupo liderado pelo presidente do FED (Federal Reserve), Jerome Powell, decidirá entre uma redução de 0,25 ponto percentual e 0,50 p.p. na taxa básica, que está em 5,50% ao ano a 14 meses.

A preocupação por lá é que a economia pode estar desacelerando de forma mais significativa que o antecipado, o que exigiria velocidade no relaxamento monetário. O mercado financeiro precifica 62% de chances de uma alta da 0,50 p.p. contra um início de ciclo mais gradual.

Por aqui, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, e o futuro presidente da autarquia, Gabriel Galípolo, devem defender um aumento na Selic, dos atuais 10,50% para 10,75% – movimento amplamente antecipado pelo mercado. As chances de um reajuste ainda mais significativo são baixas, mas existem.

A motivação para o aumento após quatro meses de estabilidade na taxa básica de juros seria a desancoragem das expectativas de inflação, isto é, a visão dos agentes econômicos de que se nada mudar não chegaremos aos 3% da meta para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor). Parte importante do motivo para a descrença está na falta de credibilidade do governo Lula com a responsabilidade fiscal.

O descontrole das contas públicas com sucessivos gastos excetuados nos cálculos da meta fiscal (como a recente liberação de recursos para o combate as queimadas) e a inclusão de receitas não-recorrentes (como o confisco de 8,5 bilhões de reais “esquecidos” na contas dos brasileiros) mostram um governo inclinado ao truque proselitista para fazer de conta que é aquilo que não pretende ser.

A pressão sobre o Banco Central nesse cenário é de última linha de defesa contra um governo que caminha decididamente para a repetição da fórmula que levou ao Brasil a uma das piores crises econômicas da história, no segundo mandato da ex-presidente Dilma Rousseff.

Mais do que a amplitude do aumento na taxa Selic, os agentes de mercado querem ver se o grupo de escolhido por Lula para o BC serão independentes de fato. Uma decisão dividida, como a de maio deste ano – quando todos os quatro indicados do petista optaram por uma política monetária mais relaxada, pode ter efeitos custosos para o país.

Só a unanimidade entre os membros do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC na decisão da quarta-feira, 18, pode aliviar parte da desconfiança dos agentes econômicos com a influência de Lula sobre os diretores indicados por ele à autarquia. Neste caso específico, aderentes à lógica de Nelson Rodrigues, será necessário trair a máxima cunhada pelo autor de que toda unanimidade é burra.

É claro que o aumento dos juros em um país com um governo sem a mínima responsabilidade fiscal pode levar o Brasil à temida dominância fiscal – em função do descontrole com o aumento da dívida e o custo desses empréstimos, mas quais opções a autarquia responsável pelo controle da inflação tem à disposição neste momento?

  • Mais lidas
  • Mais comentadas
  • Últimas notícias
1

Papo Antagonista: As derrotas de Lula e Gilmar

Visualizar notícia
2

Marcel van Hattem na mira de Dino por criticar delegado

Visualizar notícia
3

"Lupa" de ministros do STF sobre parlamentares pode configurar ameaça, diz senador

Visualizar notícia
4

Crusoé: Bloquear estradas e incendiar a Bolívia é com Evo Morales

Visualizar notícia
5

Pedágios eletrônicos nas rodovias: veja o que vai mudar

Visualizar notícia
6

Senador aponta suspeição de ministros que atuam, ao mesmo tempo, no TSE e no STF

Visualizar notícia
7

Netanyahu e Zelensky são "Hitler" e "filho do diabo", diz Ortega

Visualizar notícia
8

Afastamento médico do relator muda calendário de regulamentação da reforma tributária

Visualizar notícia
9

Caiu a ficha do PT?

Visualizar notícia
10

O almoço eleitoral de Nunes e Bolsonaro no segundo turno em SP

Visualizar notícia
1

‘Queimadas do amor’: Toffoli é internado com inflamação no pulmão

Visualizar notícia
2

Sim, Dino assumiu a presidência

Visualizar notícia
3

O pedido de desculpas de Pablo Marçal a Tabata Amaral

Visualizar notícia
4

"Só falta ocuparem nossos gabinetes", diz senador sobre ministros do Supremo

Visualizar notícia
5

Explosões em dispositivos eletrônicos ferem mais de 2.500 no Líbano

Visualizar notícia
6

Datena a Marçal: “Eu não bato em covarde duas vezes”; haja testosterona

Visualizar notícia
7

Governo prepara anúncio de medidas para conter queimadas

Visualizar notícia
8

Crusoé: Missão da ONU conclui que Maduro adotou repressão "sem precedentes"

Visualizar notícia
9

Cadeirada de Datena representa ápice da baixaria nos debates em São Paulo

Visualizar notícia
10

Deputado apresenta PL Pablo Marçal, para conter agressões em debates

Visualizar notícia
1

Caiu a ficha do PT?

Visualizar notícia
2

Boulos em desespero ou Nunes ensaboado?

Visualizar notícia
3

Órgãos infectados por HIV: técnica que assinou laudo se entrega

Visualizar notícia
4

Lula impõe sigilos que criticava em campanha

Visualizar notícia
5

As reações de Dallagnol e Freire às falas de Gilmar

Visualizar notícia
6

Lobby de Lula, Gilmar e Dino fracassa no STJ

Visualizar notícia
7

Marcel van Hattem na mira de Dino por criticar delegado

Visualizar notícia
8

“As empresas não são transparentes”, diz Tarcísio após pedir intervenção na ENEL

Visualizar notícia
9

Senador aponta suspeição de ministros que atuam, ao mesmo tempo, no TSE e no STF

Visualizar notícia
10

Oposição se organiza contra projeto que limita compras internacionais para o PAC

Visualizar notícia

Assine nossa newsletter

Inscreva-se e receba o conteúdo do O Antagonista em primeira mão!
< Notícia Anterior

Aplicativo do X, antigo Twitter, volta a funcionar no Brasil

18.09.2024 00:00 4 minutos de leitura
Próxima notícia >

Bolsa Família: confira o calendário de pagamentos

18.09.2024 00:00 4 minutos de leitura
avatar

Rodrigo Oliveira

Jornalista pela UnB (Universidade de Brasília), pós-graduado em Marketing &amp; Mídias Digitais pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) e especializado em finanças e negócios. É Analista de Valores Mobiliários (CNPI) certificado pela Apimec (Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais) com quatro anos de experiência profissional no mercado financeiro.

Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.

Comentários (0)

Torne-se um assinante para comentar

Notícias relacionadas

Crusoé: Bloquear estradas e incendiar a Bolívia é com Evo Morales

Crusoé: Bloquear estradas e incendiar a Bolívia é com Evo Morales

Duda Teixeira Visualizar notícia
Lula quer bancar o santo?

Lula quer bancar o santo?

Wilson Lima Visualizar notícia
Debate da Band: Nunes vai jogar na retranca; problema para Boulos

Debate da Band: Nunes vai jogar na retranca; problema para Boulos

Wilson Lima Visualizar notícia
Favorito de Lula fica fora de listas para vagas no STJ

Favorito de Lula fica fora de listas para vagas no STJ

Felipe Moura Brasil Visualizar notícia
Icone casa

Seja nosso assinante

E tenha acesso exclusivo aos nossos conteúdos

Apoie o jornalismo independente. Assine O Antagonista e a Revista Crusoé.