Marçal, Nunes, Boulos, Datena… O que será de São Paulo, pelo amor de Deus?
A qualidade intelectual e política dos atuais candidatos é pra lá de questionável, para não dizer sofrível
Chega a ser inacreditável ao que estamos assistindo desde o início da pré-campanha para a prefeitura de São Paulo, a maior metrópole da América do Sul e uma das cidades mais importantes do mundo. Não sei se o limite, mas o ápice, seguramente, por ora, foi o “vale-tudo” – porque debate não foi – da TV Gazeta, realizado domingo, 1° de setembro, na capital paulista.
O mais pessimista dos pessimistas, em seus piores pesadelos, não poderia imaginar que, um dia, a disputa eleitoral municipal se daria, segundo definição dos próprios candidatos, entre bandidos, usuários de cocaína, membros de quadrilhas organizadas, ladrões de creches, estelionatários e outros tipos de criminosos.
E mais. Nenhum desses postulantes – e aqui poupo Tabata Amaral, sem fazer juízo de valor de suas propostas – se preocupa em apresentar qualquer plano factível para a melhoria e o desenvolvimento da cidade, que enfrenta problemas gigantescos, próprios de uma megalópole deste porte.
Efeito Marçal
A qualidade intelectual e política dos atuais candidatos é pra lá de questionável, para não dizer sofrível. Ao serem – os demais – dragados para o estilo “tiro, porrada e bomba” de Pablo Marçal, a disputa tornou-se um ringue de MMA sem regras. Isso mostra que “pernas de pau”, quando jogam bola com gente ainda mais grossa, transformam a pelada de várzea em algo tão bizarro, que inominável.
Um sujeito preso e condenado por furto, investigado por lavagem de dinheiro e que tem seu entorno cercado pelo crime organizado, no caso, Pablo Marçal, não poderia nem sequer ser eleitoralmente viável, muito menos participar de debates. Porém, lá está, quebrando todas as mínimas regras de comportamento e decoro, ofendendo, fazendo gestos juvenis enquanto os outros falam, fugindo das perguntas dos jornalistas e adversários, enfim, comportando-se como um baderneiro sem limites.
Ato contínuo, um senhor com quase 70 anos – Datena – banca um ginasial na hora do recreio e parte para o tête-à-tête de rua. Boulos, outro incendiário de baixíssimo nível, e Nunes que, treinado, luta para parecer melhor do que não é, diante da coragem de Tabata, tentam ser machões truculentos no enfrentamento a Marçal, e só pioram o que já é simplesmente deplorável.
Qual a solução?
O termo inglês “hooligan” ganhou notoriedade mundial a partir dos confrontos violentos entre gangues e/ou bárbaros isolados, geralmente bêbados e em estádios de futebol, sobretudo na Inglaterra, nos anos 1980. Uma briga entre hooligans, ocorrida na Bélgica em maio de 1985, durante a final da Liga dos Campeões da Europa (Liverpool x Juventus), no Estádio de Heysel, deixou mais de 600 feridos e 39 mortos.
A tragédia determinou mudanças radicais que redefiniram o modelo e as regras de campeonatos e estádios, e regulamentaram o comportamento de torcidas e torcedores mundo afora, principalmente na Europa. Se ainda não há segurança absoluta nos estádios europeus – e nas ruas adjacentes -, ao menos conseguiu-se diminuir drasticamente o número de ocorrências e, o mais importante, de feridos graves e vítimas fatais.
No Brasil, ainda estamos anos-luz distante desta realidade, em que pesem as regras da CBF e a arquitetura das novas arenas. E assim como no futebol, talvez precisemos de uma regulamentação ampla, geral e severa para as próximas campanhas eleitorais – incluindo debates e propaganda eleitoral -, sob pena de os hooligans da política prevalecerem e a selvageria fugir ao controle, alastrando-se indiscriminadamente pelos eleitores (lembrando que, em 2022, tivemos pelo menos 23 tentativas e 15 assassinatos por causa das eleições).
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