Mantega não Vale tudo isso
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), publicou um longo texto em defesa do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega...
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), publicou um longo texto em defesa do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega (ao centro na foto), cujo nome voltou a circular no noticiário como preferido por Lula para assumir o comando da Vale. O problema é que Lula não define o comando da Vale e usa o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, para pressionar acionistas da empresa em favor de Mantega.
“Vamos falar a verdade sobre Guido Mantega, um dos brasileiros mais injustiçados de nossa época”, disse Gleisi em postagem no X, ex-Twitter. “Ele foi ministro da Fazenda de março de 2006 a dezembro de 2014, nos dois primeiros governos Lula e no primeiro mandato da presidenta Dilma. Vamos lembrar o que aconteceu com a economia brasileira ao longo daqueles quase 9 anos”, seguiu ela, enumerando uma série de feitos pelos quais Mantega não é lembrado.
O controle da inflação, por exemplo, não era tarefa do ministro da Fazenda, mas do presidente do Banco Central. O crescimento expressivo do PIB nacional à época, como se sabe, foi resultado do boom das commodities na China, que, aliás, o Brasil surfou pior do que poderia, graças aos governos do PT.
Herança bendita
Além disso, boa parte dos números positivos da época foram resultado da organização econômica estabelecida nos governos de Fernando Henrique Cardoso, assim como os números ruins e a tragédia econômica do segundo governo Dilma Rousseff foram plantados durante o segundo governo Lula e o primeiro governo Dilma, como lembrou a ex-diretora do BNDES Elena Landau nesta semana.
Segundo Gleisi, contudo, “pouquíssimos brasileiros são tão qualificados quanto Guido Mantega para compor o Conselho da Vale, uma empresa estratégica para o país e na qual o governo tem participação e responsabilidades, mesmo depois de sua privatização danosa ao patrimônio público”.
“É qualificado para esta ou qualquer outra missão importante, que exija capacidade e compromisso com o país”, disse a presidente do PT, antes de indicar que o comando da Vale seria uma forma de compensar o alegado sofrimento do ex-ministro nos últimos anos.
“Papagaios da plutocracia e do rentismo”
“Guido Mantega foi alvo de mentiras e acusações falsas do lavajatismo. Provou sua inocência, foi absolvido de tudo, mas nada vai reparar seu sofrimento pessoal nesses anos de perseguição. Agora virou alvo de mentiras grosseiras por parte da mídia que quer condená-lo ao ostracismo, perpetuando a injustiça. Como não têm argumentos válidos contra ele, atacam uma caricatura desenhada pela falsificação histórica de sua gestão na Fazenda. São porta-vozes do que existe de mais atrasado e mesquinho entre as chamadas elites econômicas, papagaios da plutocracia e do rentismo. Guido não está sendo atacado por defeitos ou erros que tenha cometido. É atacado (e até odiado) por causa da inestimável contribuição que deu à estabilidade, qualidade e crescimento da economia em nosso país. Por tudo que fez pelo Brasil, Guido Mantega merece todo respeito e nossa irrestrita solidariedade”, desabafou a petista.
A longa defesa de Gleisi sai inevitavelmente pela culatra. Se Mantega tivesse ido tão bem quanto ela diz, não precisaria de tanta explicação ou do batalhão de números que ela despejou, nem de pressão de um presidente da República para ocupar um cargo relevante numa empresa privada. Aliás, as reações negativas às pressões do governo na companhia já estão fazendo propagandistas do lulismo afirmarem em rede social que Lula desistiu de Mantega.
Assim como Marcio Pochmann, que assumiu o IBGE assustando no ano passado, Mantega se tornou um símbolo, pelos seus próprios atos. É o pai da Nova Matriz Econômica e de suas consequências. É contra esse símbolo negativo que Gleisi argumenta, e não contra as “elites econômicas, papagaios da plutocracia e do rentismo”. Não vale essa bagunça toda.
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