Lula testa limites do marketing político
A questão se impõe diante da impopularidade: é possível vender algo que ninguém mais quer comprar apenas mudando a propaganda?

Mais um instituto de pesquisa divulgou levantamento sobre a popularidade de Lula (foto) e, mais uma vez, os números vieram péssimos para o presidente.
Segundo pesquisa Ipsos-Ipec, 58% dos brasileiros não confiam no petista — são seis pontos percentuais a mais do que em dezembro de 2024, quando foi divulgado o último levantamento.
Além disso, a desaprovação do presidente (41% de ruim ou péssimo) ultrapassou a aprovação (27% de bom ou ótimo) pela primeira vez nessa medição, algo que já tinha ocorrido nas medições de praticamente todos os outros institutos de pesquisa.
O levantamento ouviu 2.000 pessoas de 16 anos ou mais de 7 a 11 de março. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
“Fadiga de material”
A queda de popularidade de Lula ao longo de seu terceiro mandato presidencial não é novidade, mas a impressão de que o petista sofre de “fadiga de material”, como sugeriu seu ex-marqueteiro João Santana, é reforçada a cada novo levantamento.
Lula tentou em seu terceiro mandato repetir aquilo que imaginava ter resultado na aprovação expressiva de suas duas primeiras passagens pelo Palácio do Planalto — colhidas às custas do futuro do país, como evidenciou o impeachment de Dilma Rousseff anos depois.
A gastança dos dois primeiros anos do governo não se reverteu, contudo, em aprovação popular, e armou a bomba da inflação que o petista alega, agora, combater. Seu plano para conter os preços dos alimentos não passa, contudo, de discurso, porque não tem qualquer efetividade.
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Limites do marketing
Acuado pela perda de popularidade, Lula transformou o Planalto em um quartel-general de campanha, e vai guiando todas as suas ações de olho na tentativa de recuperar algum prestígio popular. A estratégia é péssima para o país, e nem sequer tem garantia de sucesso.
O governo Lula explora, agora, os limites do marketing político: é possível vender algo que ninguém mais quer comprar apenas mudando a propaganda?
E a situação é ainda pior: as promessas de bondades com o dinheiro do contribuinte para os próximos meses nem sequer cabem nos limites orçamentários com que o próprio governo se comprometeu.
Produto pior
A propaganda do ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência da República, Sidônio Palmeira, teria de ser capaz, portanto, de vender um produto pior do que aquele que estava sendo oferecido até agora.
E em condições de temperatura e pressão completamente desfavoráveis, como destacou João Santana em sua entrevista:
“Hoje temos a politização caótica e superficial das redes sociais; o crescimento dos evangélicos; a política judicializada; o Centrão como fiel da balança; a conjuntura mundial delicada. Nada disso existia em 2005.”
Justiça histórica?
Diante de uma situação tão complicada, resta aos petistas apostar na desqualificação dos adversários que os enfrentarão em 2026, como fez o ex-ministro José Dirceu durante sua festa de aniversário, ao demonstrar receio sobre o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Lula voltou ao Planalto para tentar limpar a própria biografia após a prisão na Operação Lava Jato. Agora, se arrisca a apagar a impressão que tinha deixado após seu segundo mandato, quando saiu da presidência com aprovação acima de 80%.
Diante de tudo o que foi feito contra o combate à corrupção no país recentemente, a situação do petista soa como um tipo de justiça histórica.
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