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Luciano Bivar não é Júlio César

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Rodolfo Borges
3 minutos de leitura 17.03.2024 10:16 comentários
Análise

Luciano Bivar não é Júlio César

Presidente do União Brasil acusou uma punhalada ao perder a sucessão para o vice Antonio Rueda, mas não deve aparecer nenhum Marco Antônio para vingá-lo

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Rodolfo Borges
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Luciano Bivar não é Júlio César
Foto: Reprodução/X

Em meio a depoimentos sobre tramas golpistas e reflexões sobre o saldo da maior operação de combate à corrupção da história do Brasil, Luciano Bivar (foto) acusou uma punhalada

“A minha dor não é a perfuração do punhal nas minhas costas. A minha dor, como diz Júlio César, é saber quem apunhalou. Essa é que é a dor maior, que é uma dor insanável”, protestou o presidente do União Brasil ao perder a disputa pela reeleição.

Bivar, que é deputado federal por Pernambuco e fez carreira no futebol como presidente do Sport Club do Recife, referia-se a Antonio Rueda, que o venceu por unanimidade na eleição. Rueda era vice de Bivar no União desde 2022, quando partido foi criado pela fusão do PSL com o DEM.

Na convenção que decretou sua derrota, em 29 de fevereiro, Bivar disse que “não sabia que o inimigo dormia na cama” e denunciou “uma traição covarde, inominável e com desfaçatez da família”, já que ele apadrinhou Rueda, o responsável por tirá-lo do comando do partido.

Idos de março

Vencidos os idos de março — e as semelhanças com a história relatada por Shakespeare terminam aí —, já está claro que não vai aparecer nenhum Marco Antônio para vingar Bivar.

Na peça que cristalizou o enredo da morte de Júlio César, todos aqueles que conspiraram contra o ditador aspirante a imperador acabaram mortos no fim, após um discurso do general. O DEM de ACM Neto e Ronaldo Caiado, ao contrário, está renascendo.

Ainda que Rueda tenha se prestado ao papel de Brutus, Bivar vai ficando pelo caminho sem vingança, como mais um dos vários que surfaram a onda Jair Bolsonaro enquanto e da forma que puderam nos últimos anos.

Desunião

Em 2018, o PSL de Bivar e Bolsonaro elegeu 54 deputados. De lá para cá, desentendimentos, trocas de partido, a tentativa frustrada de criar o Aliança pelo Brasil, o abrigo de Valdemar Costa Neto ao ex-presidente da República e uma fusão que deu origem ao União e sustentou a candidatura presidencial da senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), que também já foi embora do partido.

“Covardes morrem muitas vezes antes de suas mortes. O valente só prova a morte uma vez. De todas as histórias que já ouvi, a que parece mais estranha é a de que os homens temam ao se ver com a morte, um fim necessário, que virá inevitavelmente”, diz o Júlio César de Shakespeare antes de levar as punhaladas.

É um consolo para quem ousou tentar a sorte como imperador.

Leia mais:

E a punhalada do União Brasil no governo Lula?

A ressurreição da turma do DEM

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Rodolfo Borges

Rodolfo Borges é jornalista formado pela Universidade de Brasília (UnB). Trabalhou em veículos como Correio Braziliense, Istoé Dinheiro, portal R7 e El País Brasil.

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