Foi Pochmann que lançou “escuridão” sobre estatísticas oficiais
Presidente do IBGE diz que "a democracia morre na escuridão sem estatísticas oficiais", e, por incrível que pareça, não está falando sobre si mesmo
Marcio Pochmann (foto) publicou um texto para dizer que “o ataque às estatísticas oficiais somente serve à minoria que insiste em promover o falecimento da democracia”.
Por incrível que pareça, o presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicado por Lula falava dos críticos dos dados publicados pela instituição, e não sobre si mesmo.
“A democracia morre na escuridão sem estatísticas oficiais”, escreveu Pochmann em seu perfil no X.
“Na Era Digital, a explosão das informações avançou muito mais rapidamente que a capacidade do público compreender em geral o todo. Emergiu, assim, a questão do iletramento digital. No passado, o registro da presença do nazifascismo, por exemplo, transcorreu em plena ausência de estatísticas oficiais confiáveis”, seguiu o indicado de Lula, dando o tradicional jeitinho de encaixar o fascismo e/ou nazismo na história.
Quem confia?
O IBGE tem publicado uma série de estatísticas favoráveis ao governo Lula.
Os números sobre a baixa recorde de desemprego, por exemplo, se explicam pelo aquecimento da economia nacional, empurrada pelo gasto público irresponsável do governo, mas também pela reforma trabalhista do governo Michel Temer, tão criticada pelos petistas.
Os dados positivos contrastam com a expectativa sobre o futuro da economia brasileira, antecipado pelos investidores ressabiados pelo que o estouro da dívida pública vai causar ao país. O cenário é claro, e não há motivo para desconfiar dos dados do IBGE — com exceção de seu presidente.
“CPI das Pesquisas”
Resultado: o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) começa a agitar a “CPI das Pesquisas”.
“Chega de maquiar a realidade. Lula colocou um petista fiel, Marcio Pochmann, no comando do IBGE para fabricar uma ‘realidade paralela’. Dados recentes do IBGE mostram desemprego de 6,1%, retirando da conta 4,4 milhões de desempregados, além de publicar que o Brasil atinge o menor índica de pobreza da história, mas com critérios alterados”, disse o deputado.
“Não vamos aceitar manipulações para propaganda de governo. Vou protocolar uma CPI para investigar essas distorções e garantir que o IBGE publique dados em conformidade com a realidade e que não seja transformado em um puxadinho do PT”, completou.
O quadro de desconfiança já estava anunciado desde a indicação de Pochmann, como destacou O Antagonista. O economista heterodoxo teve uma passagem traumática pelo comando do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), de 2007 a 2012, e ficou famoso por análises e declarações ideológicas muito distantes da realidade.
“Não é exemplo a seguir”
Em novembro de 2023, Martha Mayer, ex-diretora de pesquisas do IBGE, no qual atuou de 1999 a 2004, chamou atenção em artigo para uma palestra de Pochmann, que foi escondida no YouTube depois de sua repercussão.
“A palestra de Marcio Pochmann em 24 de outubro revelou não se tratar de um plano técnico para melhorar as estatísticas, e sim de ideias para mudar a relação do IBGE com a população e com a imprensa: mudar tudo isso que está aí, porque o mundo é outro”, relatou Mayer, que integra a Comissão Consultiva do Censo Demográfico.
Entre outras críticas, a autora do artigo destacou que Pochmann usou a China como exemplo ao citar “o deslocamento do centro dinâmico do mundo para o Oriente”.
Ela rebateu o presidente do IBGE: “Em agosto, a China suspendeu a divulgação das estatísticas do desemprego juvenil, na linha ‘dado ruim não se divulga’. Não é exemplo a seguir”.
Com esse tipo de referência, como pode Pochmann achar que estaria em condição de dar lição a quem quer que seja sobre estatísticas oficiais?
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Comentários (2)
Marian
30.12.2024 16:57As pessoas já perceberam e caçoam. Isso entra nas pesquisas?
Alexandre Ataliba Do Couto Resende
30.12.2024 16:08Compara o índice de desemprego com o pagamento do seguro desemprego. Depois conversamos.