Fanatismo bolsonarista transforma até policial em fugitivo
Silvinei Vasques, ex-diretor da PRF preso ao tentar fugir do país, é prova viva da toxicidade do fanatismo político
É impressionantemente triste o que o fanatismo bolsonarista produziu na vida de milhares, senão milhões de pessoas, Brasil afora. Tal efeito perverso foi mais ameno para alguns e mais severo para outros, é fato, mas raramente incólume a qualquer um que tenha sido picado pelo escorpião do extremismo e da intolerância.
Muitas famílias se destroçaram e muitas amizades foram desfeitas neste período, que já chega a seis ou sete anos. Empregos foram ceifados e até mesmo a “ficha limpa” de muitos se transformou em ações penais ou, em casos mais graves, perda da liberdade, como nos casos de 8 de janeiro.
Mais ainda: milhares de pessoas, até então exemplares, estão presas. Policiais, agentes de segurança, políticos e governantes de alto escalão idem: Daniel Silveira, Carla Zambelli e Roberto Jefferson. Braga Netto, Augusto Heleno e Paulo Sergio. Alexandre Ramagem, Anderson Torres e Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
De mocinho a bandido
O rapaz estava em liberdade provisória, sob medida cautelar, monitorado por tornozeleira eletrônica. Talvez empolgado pela alopragem do próprio “mito”, Jair Bolsonaro, que torrou seu artefato com um ferro de solda, precipitando a prisão na Polícia Federal de Brasília, praticamente enterrando as chances de cumprimento de pena em domicílio, Silvinei destruiu o artefato e partiu em fuga para o exterior.
Preso pela polícia paraguaia quando tentava embarcar rumo a El Salvador – o novo Eldorado dos bolsonaristas radicais, por causa das masmorras medievais do presidente Nayib Bukele – o fugitivo agora desce ao patamar mais baixo de sua trajetória pessoal e profissional, mesmo que ainda tão novo (50 anos) e com um ex-futuro promissor pela frente.
Silvinei, as pessoas que citei acima e tantos outros anônimos são provas vivas da toxicidade do fanatismo político, seja qual for a corrente ideológica. Quando líderes populistas, demagogos e carismáticos capturam o inconsciente coletivo e passam a doutrinar e a guiar multidões em efeito manada, o fim dos convertidos costuma não ser nada afortunado.
Estados Unidos
Na maioria dos casos, os pobres coitados utilizados como idiotas úteis se dão mal enquanto seus gurus gozam de boa vida. Nos Estados Unidos, Donald Trump e os presos pelos atentados ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2021, provam o que digo. A sorte de alguns, porém, foi a nova eleição do bufão alaranjado em 2024 e os indultos concedidos a muitos deles.
Eu iria encerrar este texto lamentando pelas vítimas do fanatismo, dizendo esperar que tudo isso lhes sirva de lição – para os próprios ou outros futuros vândalos. Contudo, as declarações de muitos deles, mesmo presos, não me dão ânimo, sentimento de piedade ou esperança de que se tornem cidadãos melhores, mais tolerantes, menos fanáticos e mais autônomos.
Se não me surpreendo, confesso, não deixo de refletir sobre o nível de incapacidade cognitiva e emocional dessa turma. Se não são criminosos de altíssima periculosidade como traficantes, assassinos e afins, são outra forma grave de ameaça: gente que tentou golpear a democracia, implementar uma ditadura e, como é de costume, perseguir e prender – quando não torturar e matar – quem considera opositor.
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Comentários (3)
Rosa
29.12.2025 10:27A lógica deles é sem pé nem cabeça....
Rosa
29.12.2025 10:26Antes do advento do bolsonaro não imaginava que coisas assim pudessem acontecer, é impressionante a loucura de pensamento que teem.
Marcia
29.12.2025 09:16Esses milhões de fanáticos bolsonaristas estão hoje numa nova empreitada: “Nosso Capitão mandou, então vamos votar em Flávio !”. Quem ainda não leu essa frase em alguma rede social?