Crusoé: Por que o clã Bolsonaro defende Collor
Entre os objetivos está deslegitimar as decisões de Alexandre de Moraes, que também atua como relator e juiz no julgamento da trama golpista

O senador Flávio Bolsonaro reclamou da prisão do ex-presidente Fernando Collor de Melo nesta sexta, 25.
A defesa que membros da família Bolsonaro têm feito de Collor, condenado a oito anos e dez meses, em regime inicial fechado, por participação em esquema de corrupção na BR Distribuidora, tem entre os seus objetivos principais deslegitimar as decisões de Alexandre de Moraes, que também atua como relator e juiz no julgamento do núcleo 1 da trama de golpe, em que Jair Bolsonaro é réu.
“O ex-presidente Collor foi vítima de mais um ato de ódio de Alexandre de Moraes contra Bolsonaro. Ao negar monocraticamente o segundo embargo da defesa de Collor, alegando sê-lo ‘protelatório’ (o que não é o caso), Alexandre cerceia ilegalmente a defesa e mostra exatamente como pretende fazer quando Bolsonaro for recorrer da decisão que o condenará (jogo de cartas marcadas). Alexandre converte o alto significado do Estado Democrático de Direito em uma promessa frustrada pela prática autoritária de poder“, escreveu o filho Flávio.
Mas há mais em jogo.
Perto do poder
Collor ganhou “ascendência” e “influência política” na BR Distribuidora por obra de Lula, em seu segundo mandato de presidente.
Collor era senador pelo PTB nessa época e Lula queria barrar a CPI da Petrobras no Congresso, que também poderia comprometê-lo.
Quando Dilma Rousseff assumiu a Presidência, Collor seguiu mandando na BR Distribuidora.
Jair Bolsonaro foi eleito em 2018. Dois anos depois, Collor se aproximou do novo mandatário, agora de direita.
Ciro Nogueira
Em 2015, o senador Ciro Nogueira, do PP, também foi investigado pela Lava Jato, na mesma operação Politeia, que incluiu Collor e a BR Distribuidora.
Segundo delação do empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC, Ciro teria recebido 2 milhões de reais em propina de sua empresa.
Apesar das acusações, Nogueira não foi condenado na Lava Jato.
Em 2018, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal, STF, rejeitou a denúncia.
Lava Jato
Em seguida, Nogueira tornou-se um dos principais aliados de Jair Bolsonaro.
Foi uma das principais pessoas por trás da nomeação de Kassio Nunes Marques para o STF.
Nogueira, que é do PP, segue como…
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Comentários (1)
Fabio B
25.04.2025 17:26Interessante como o Bolsonaro se aliou a vários dos nomes envolvidos no mensalão, no petrolão e ao próprio Collor. Tudo em nome da "governabilidade"... A real é que sempre foi um vagabundo do Centrão. E pra quem acha que ele sempre foi o bastião da direita, vale lembrar: durante anos votou com o PT em mais de 90% das pautas, fez discursos elogiosos a figuras como Lula e Zé Dirceu e só depois de 2014 virou “conservador” e "religioso". Não dá pra esperar muito de um ex-militar sindicalista vagabundo que foi afastado do Exército após um processo disciplinar por indisciplina e suspeita de planejar atentados.