Cristo de Sevilha: homoerotismo na representação do filho de Deus Cristo de Sevilha: homoerotismo na representação do filho de Deus
O Antagonista

Cristo de Sevilha: homoerotismo na representação do filho de Deus

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Catarina Rochamonte
5 minutos de leitura 01.02.2024 09:38 comentários
Análise

Cristo de Sevilha: homoerotismo na representação do filho de Deus

"No caso do ´Cristo de Sevilha 2024´, o homoerotismo chegou à representação do Filho de Deus. Sequer suas chagas foram respeitadas", afirma o professor Ricardo da Costa

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Cristo de Sevilha: homoerotismo na representação do filho de Deus
Foto: reprodução/X

O Consejo General de Hermandades y Confradías de Sevilla, órgão encarregado da regulamentação das procissões da Semana Santa de Sevilha, apresentou, em 27 de janeiro, uma polêmica obra do artista Salustiano Garcia como cartaz de propaganda da Semana Santa desse ano.

A representação de um Cristo andrógino, com traços afeminados foi motivo de protestos. Em pouco mais de 2 dias, pessoas para quem a obra “não representa de forma alguma a Fé, os Valores Cristãos, a tradição e o fervor religioso desta Cidade” conseguiram mais de 10 mil assinaturas solicitando a retirada imediata do cartaz, considerado blasfemo.

A previsão é que a imagem controversa seja distribuída, em breve, por toda a cidade, em locais como igrejas, lojas, cafés, onde costumam ser expostos cartazes da Semana Santa. Prevê-se também que o cartaz seja utilizado nas redes sociais e outros meios de comunicação para promover uma das festas religiosas mais importantes e concorridas da cidade de Sevilha.

O prefeito de Sevilha e o pintor defendem o cartaz

Entre os defensores do cartaz estão o próprio autor – que usou o filho como modelo – e o prefeito de Sevilha, José Luis Sanz. O prefeito declarou que o cartaz lhe apraz porque é “diferente, corajoso e arriscado” e que “os cartazes da Semana Santa não podem ser os mesmos ou iguais todos os anos.”

O pintor Salustiano García, por sua vez, defendeu a sua obra em entrevista ao ABC Sevilla:
O que me surpreendeu em toda esta polêmica é a politização de uma obra de arte, dizendo que pertence a este ou aquele partido, ou a esta ou aquela tendência sexual. Como se minha pintura fosse de esquerda. É algo absurdo, bobo”, diz o pintor.

Zombaria do sagrado

Em artigo intitulado Jesucristo no era afeminado, publicado no periódico espanhol La Gaceta de la iberosfera, o jornalista e escritor espanhol, Jaume Vives, comentou sobre o cartaz e sobre o artista que o criou:

Não creio que esteja sendo muito duro se disser que, objetivamente, o trabalho é uma porcaria. Poderia funcionar na Semana do Orgulho, mas não na Páscoa. E não por causa do pano, para o qual não vejo problema. A imagem representa um Cristo afeminado (principalmente pela posição da mão) e com um rosto que choca pela sua natureza sinistra.

Vendo esse esterco, pode-se pensar que Cristo expulsou os mercadores do templo com sua bolsa, mas não, ele o fez com chicotes. E Cristo era um homem muito viril, perdoe a redundância. Viril, masculino e com muito caráter, como atesta toda a documentação à nossa disposição. Pintá-lo como fez o autor do cartaz é falta de rigor, bom gosto e talento. […]

Este Salustiano tem uma fixação por coisas estranhas. Gosta de pintar crianças fumando, meninos com facas, vestidos de meninas, com olhares sinistros, chegando até a ler Os Onze Mil Paus de Guillaume Apollinaire, obra em que são descritas detalhadamente as múltiplas e grotescas aventuras sexuais do protagonista.

Em outra pintura intitulada Pentecostes, uma criança segura uma xícara e um biscoito na mão. Não é difícil ver nele novamente a zombaria do sagrado.

Possui também uma linha de desenhos de adultos que aparecem com pistolas d’água infantis. E a dúvida que sempre tenho diante deste tipo de autores é: se são normais, por que se esforçam tanto para parecerem pedófilos que praticam todo tipo de orgias com crianças? […]

Voltando ao nosso ponto, seria uma atitude sábia enviar o cartaz para a lata de lixo da história e encomendar um novo que permitiria aos fiéis orar e seria igualmente atraente para o pagão ver o salvador do mundo representado nele.

“Sequer suas chagas foram respeitadas”

Convidei o professor Dr. Ricardo da Costa, do Departamento de Teoria e Arte da UFES e acadêmico no exterior da Reial Acadèmia de Bones Lletres de Barcelona a opinar sobre o assunto. Eis sua reflexão:

Embora a Igreja Católica, desde seus primórdios, sempre tenha sido em alguma medida influenciada pelo mundo, conseguiu manter sua teologia intacta. Até o século XX. Até a década de 60, período em que o Ocidente sofreu profundas rupturas e transformações que deram origem às sociedades frágeis, sensíveis, femininas, da chamada “pós-modernidade”.

Quando viramos o ponteiro do relógio e chegamos ao século XXI, um passo adiante foi dado. Nunca a Igreja recuou tanto em suas convicções. Quanto mais se adequa ao mundo, mais adere a essas fragilidades, delicadezas. Mais se afasta de seus fiéis.

No caso do “Cristo de Sevilha 2024”, o homoerotismo chegou à representação do Filho de Deus. Sobrancelhas feitas, batom nos lábios, quadris à mostra, a imagem nada deve aos efebos gregos da Antiguidade. Sequer suas chagas foram respeitadas: o artista fez uma alusão às mãos do “Davi” de Michelangelo apenas para fazer uma suave alusão que Ele sofreu para salvar o mundo, que preferiu Barrabás.

Embora já no Barroco o Cristo tenha sido estilizado, representado com formas mais delicadas, a Igreja manteve em boa medida Seu sofrimento no primeiro plano. Hoje, o “Consejo General de Hermandades y Cofradías de Sevilla” definitivamente se prostrou para o mundo. Em detrimento da fé dos fiéis católicos. É o último passo do solapamento da instituição.”

O professor Ricardo da Costa me enviou seu texto acima por WhatsApp. Ao se despedir, comentou: “Cá entre nós: enquanto isso, o Islã conquista a Europa. E o mundo.

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