Batom na cueca do STF

26.03.2025

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O Antagonista

Batom na cueca do STF

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Rodolfo Borges
5 minutos de leitura 23.03.2025 15:17 comentários
Análise

Batom na cueca do STF

Por incrível que pareça, os ministros do Supremo proporcionaram a Bolsonaro chegar à semana do julgamento de sua denúncia por golpe de Estado com algum fôlego

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Rodolfo Borges
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Batom na cueca do STF
Foto: Joedson Alves/Agencia Brasil

“Ao pesar a mão dessa forma, o STF se colocou numa posição controversa, mas, vá lá, é em nome da garantia da democracia. Se esse valor for preservado, pode ser que o sacrifício de algumas centenas de iludidos valha à pena, por mais feia que saia a foto do julgamento”, escrevi, em 16 de setembro de 2023, em artigo intitulado O elefante Supremo esmaga formigas em nome da República”.

Quando o texto foi publicado, o Supremo Tribunal Federal (STF) acabara de condenar a 17 anos de prisão Aécio Lúcio Costa Pereira, que abria a leva dos condenados pela depredação das sedes dos três Poderes, ou melhor, da “tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito” em 8 de janeiro de 2023.

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Aécio aproveitou as férias para protestar em Brasília contra a eleição de Lula em meio a desconhecidos. Um ano e meio depois de sua condenação, o STF começa a condenar a 14 anos de prisão a cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos, que ficou famosa por pichar a estátua da Justiça com batom, com a frase “perdeu, mané” (foto), imortalizada por Luís Roberto Barroso, presidente do STF.

Batom na cueca

O caso de Débora já vinha sendo usado pelos aliados de Bolsonaro como indício de autoritarismo e desmando do ministro Alexandre de Moraes na condução do inquérito sobre o 8 de janeiro. Na semana em que a Primeira Turma do STF julga o recebimento da denúncia apresentada contra Bolsonaro e alguns de seus aliados, não havia caso mais simbólico para ser iniciado.

A pena sugerida por Moraes à cabeleireira, que envolve também uma multa astronômica de 30 milhões de reais, tem recebido críticas mesmo de quem não defende Bolsonaro. O motivo principal é a falta de provas para enquadrar Débora pelo cometimento de crimes como organização criminosa armada e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

Essa é a tônica dos julgamentos pelo 8 de janeiro. As penas não foram individualizadas. Quem esteve na Praça dos Três Poderes naquele dia e foi identificado recebe praticamente a mesma punição. Essa é uma das maiores críticas ao julgamento, assim como o fato de que os condenados não têm direito a recurso, por estarem sendo julgados na última instância mesmo sem ter foro privilegiado.

Pena justa?

Tudo isso ocorre enquanto a maior operação de combate à corrupção da história do país é desmontada pelo mesmo STF, em um processo que começou com a soltura de Lula, que deu azo às suspeitas de fraude que Bolsonaro alimentaria durante a eleição de 2022.

Não bastasse, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) lançou recentemente, junto com o governo Lula, um plano chamado Pena Justa, para “combater violações de direitos humanos” no sistema prisional brasileiro. À frente da iniciativa, que, segundo pesquisa, não foi bem recebida pelos brasileiros, está o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, ex-ministro do STF.

Lewandowski disse na semana passada que “a polícia prende mal e o Judiciário é obrigado a soltar”, melando a tentativa de Lula de mudar o discurso sobre segurança pública. E quando é o Judiciário que prende? Nesse caso, não há quem solte.

Leia mais: Uma cervejinha para Lewandowski

Usados

Os condenados pelo 8 de janeiro se prestam, no enredo elaborado por Moraes e pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, ao papel de executores do golpe tramado por Bolsonaro e seu grupo para permanecer no poder. Eles são os responsáveis pela violência do crime de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

Bolsonaro usou os manifestantes que depredaram a sedes dos três Poderes na expectativa de permanecer no poder havia um motivo para ele não desmobilizar quem estava campado em frente a quartéis, mesmo após ter viajado para os Estados Unidos. Moraes também os usa.

Leia mais: O recado de ‘O Pequeno Principe’ valeria para Bolsonaro

Para o relator dos processos no STF, pouco importa se os condenados não conheciam uns aos outros, se não sabiam dos planos revelados por Mauro Cid, se não estavam armados ou se foram iludidos pela ideia de que tomavam o poder naquele dia, mesmo sem ter condições para fazê-lo.

Eles se prestaram ao papel de golpistas, e Moraes os incluiu na trama. Os condenados pelo 8 de janeiro cumprirão seu papel no processo para condenar Bolsonaro e parte da cúpula de seu governo. Mas também cumprirão o papel de injustiçados, que alimenta o discurso de Bolsonaro.

Reusados

O ex-presidente se defende das acusações formalizadas por Gonet, mas, na hora de convocar manifestações, é em nome dos condenados pelo 8 de janeiro que ele fala.

Os casos de réus como Débora são muito mais chamativos e indignantes do que o de Bolsonaro, que participou de reunião gravada onde se falou em “virar a mesa” antes da eleição e apresentou planos de estado de sítio para comandantes militares quando não havia motivo que o justificasse.

Bolsonaro merece algum tipo de punição pelo que fez, e parte dela já foi aplicada, com a imposição de inelegibilidade até 2030. Mas a foto do julgamento montado para defender a República brasileira está saindo muito pior do que o planejado pelos juízes, e é isso que dá algum fôlego a Bolsonaro.

Leia mais: STF vai com escalação completa ‘contra’ Bolsonaro

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Rodolfo Borges

Rodolfo Borges é jornalista formado pela Universidade de Brasília (UnB). Trabalhou em veículos como Correio Braziliense, Istoé Dinheiro, portal R7 e El País Brasil.

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Comentários (9)

Paulo silva

24.03.2025 11:38

om golpe eh uma farsa, o stf eh uma farsa, o bolsonaro eh uma farsa e o degoverno corrupto e canalha do expresdidiario eh uma farsa. O congresso e seu ocamento secretro presidido por dois notorios corruptos protegidos pelo stf eh uma farsa. Estamos vivendo numa republica que eh uma farsa grotesca em que temos q trabalhar 5 meses por ano para susrtentar tres poderes corruptos , canalhas e criminosos me uma oposicao parasitaria imunda e corrupta.


Daniela_RS

24.03.2025 10:33

Não é questão de piedade. O devido processo legal e o princípio do duplo grau de jurisdição, entre outras coisas, foram jogados no lixo pelo STF. Espero que, pelo menos, depois de condenar Bolsonaro, o STF resolva fazer um teatro de magnanimidade e conceda algum tipo de anistia ou revisão da pena para esse pessoal que serviu de massa de manobra para os delírios anti-democráticos de Bolsonaro


Amaury G Feitosa

24.03.2025 07:57

E do mais vermelho como as nossas bem mais decentes prostitutas gostam.


Amaury G Feitosa

24.03.2025 07:56

FRANCISCO JR, vergonhoso pois qualquer um que tenha alguma dignidade e conhecimento sabe bem que o "GÓRPI" foi uma farsa e já está comprovado que um dos presos que fez o mesmo é membro do MST e filiado ao PT o que muuuuuitos "convenientemente" preferem ignorar covardemente ... onde já se viu manés dar golpe de estado sem armas e só c'o khu?


FRANCISCO JUNIOR

23.03.2025 20:34

Discordo da Marian. Ela não apenas "pensa" que seria bom uma ditadura, ela lutou por isso. Ela não foi condenada apenas pela pixação, ela estava nas manifestações e estava nos acampamentos. E a multa não é só para ela, é para todo mundo. Se ela estivesse lutando pela volta da escravidão, ou fazendo apologia ao nazismo, estaria tudo bem? Não, não pode estar, liberdade de expressão tem limites, apologia a crime é crime.


Marian

23.03.2025 19:40

Eu penso que não há justificativa para a condenação de uma pessoa a 14 anos de cadeia para uma pixação e 30 milhões de multa. Tem  gente que sequestrou, assaltou banco , danificou patrimônio público está aí , segue a vida e  muito bem financeiramente. Essa senhora, pixou com batom, uma frase que nem é de sua autoria,  e foi com batom, improvisado, porque nem tinta, caneta ou giz havia levado consigo. Esse foi o dano efetivo e o que ela pensa ou quer é problema dela. 


FRANCISCO JUNIOR

23.03.2025 18:59

Vou dizer novamente: o que essa mulher queria era a volta a ditadura, dessa vez com Bolsonaro no poder. Ela e centenas de golpistas. Volta à ditadura significa liberdade de expressão zero (o que justamente eles dizem querer), além de tortura e mortes patrocinadas pelo estado. Eu sou extremamente crítico de Bolsonaro e Lula, então pela primeira parte (crítica a Bolsonaro) talvez eu fosse preso e torturado. Portanto tenho zero de piedade de quem deseja isso para os outros.


MARCOS

23.03.2025 17:51

DEFINITIVAMENTE VIVEMOS NUMA DITADURA. ACORDA POVO BRASILEIRO..


Claudemir Silvestre

23.03.2025 16:45

O STF está completamente DESMORALIZADO !! Não representa mais a justiça, mas sim a VINGANÇA !! Pobre do pais que não tem uma justiça correta onde a LEI prevalece sobre os interesses pessoais e ideologias partidárias !!!


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