Anthony Hopkins: ‘Eu poderia ter matado alguém’
Prestes a lançar seu livro de memórias, o ator britânico de 87 anos deu uma reveladora entrevista à New York Times Magazine
Aos 87 anos, Anthony Hopkins continua sendo um enigma de intensidade serena. O homem que arrepiou gerações como Hannibal Lecter agora compartilha uma história de redenção crua, tão cativante quanto os melhores roteiros que dominou.
Em uma conversa exclusiva à New York Times Magazine publicada no dia 25 de outubro, às vésperas do lançamento da sua autobiografia Até Que Deu Tudo Certo (versão em português), previsto para 4 de novembro também aqui no Brasil, Hopkins desdobra camadas de uma vida marcada por caos, solidão e uma virada quase mística rumo ao equilíbrio.
Imagine a cena: 29 de dezembro de 1975, 11h da noite na Califórnia. Anthony Hopkins, imerso num blackout alcoólico, ziguezagueia na estrada, a centímetros do desastre. “Eu poderia ter matado alguém, ou a mim mesmo, o que eu não me importava”, se lembra com honestidade.
No torpor, uma voz surge clara, masculina e serena, como um locutor de rádio do além, dizendo: “acabou tudo. Agora você pode começar a viver. E tudo isso foi por um propósito, então não esqueça um só momento.”
Assim, o desejo pela bebida evaporou. Sem necessidade de terapia, nem de encarar uma luta hercúlea. Hopkins atribui a uma faísca divina, uma força interior que transformou seus 50 anos de sobriedade num triunfo discreto.
“Eu não teorizo sobre isso”, diz ele com simplicidade. “É uma consciência, um poder dentro de nós.”
Para ele, não se trata só de sobrevivência, é um renascimento. O garoto galês que suportou bullying brutal na escola e depois se afastou da única filha, encontra poesia na improvável sorte da vida.
A era dourada de Hollywood o tentava com noites etílicas ao lado dos também atores Peter O’Toole e Richard Burton, mas Hopkins optou pelas sombras, canalizando sua reserva em papéis de profundidade velada.
Ele gosta de filmes marcantes como Homem Elefante, Vestígios do Dia e Silêncio dos Inocentes, mas lembra que são apenas entretenimento, não fazem parte de uma verdade maior.
Em sua reflexão, o ator mergulha nas grandes indagações, como o porquê de tudo isso, o significado profundo da existência.
Há pouco menos de 2 meses de completar 88 anos, ele se declara atônito com a pura sorte e a improvabilidade do sonho que chama de vida.
Seu livro de memória, Até Que Deu Tudo Certo, promete navegar por esses eventos, da ascensão ao estrelato às sombras pessoais, nos convidando a confrontar o mistério que permeia cada ato.
Eu, que sou um voraz leitor de biografias de atores e atrizes – sobretudo quando escritas por eles mesmos – já coloquei a obra na minha lista de compras
Se você quiser ler a entrevista de Anthony Hopkins à New York Times Magazine na íntegra, em inglês, clique aqui.
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Comentários (1)
Eliane ☆
01.11.2025 18:28Eu também adoro biografias.