Amorim não abraçou Maduro tão forte assim (fisicamente) Amorim não abraçou Maduro tão forte assim (fisicamente)
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Amorim não abraçou Maduro tão forte assim (fisicamente)

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Rodolfo Borges
4 minutos de leitura 07.08.2024 11:41 comentários
Análise

Amorim não abraçou Maduro tão forte assim (fisicamente)

Advocacia-Geral da União pede remoção de vídeo manipulado por IA que simula assessor de Lula e ditador venezuelano em abraço afetuoso, sob alegação de que "não condiz com a realidade". Nem tanto, AGU

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Amorim não abraçou Maduro tão forte assim (fisicamente)
Foto: Reprodução do vídeo sem manipulação

AAdvocacia-Geral da União (AGU) notificou as redes sociais X, Instagram e Facebook para pedir a remoção um vídeo manipulado por Inteligência Artificial que mostra o ex-chanceler Celso Amorim (à esquerda na foto), assessor-chefe da Assessoria Especial da Presidência da República, abraçando o ditador venezuelano Nicolás Maduro (à direita na foto).

Amorim se encontrou com Maduro em março de 2023 e de fato cumprimentou o ditador na ocasião (foto), mas não de forma tão afetuosa quanto exibe o vídeo manipulado, que foi compartilhado, entre outros, pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). “Os conteúdos sugerem que o encontro teria ocorrido no contexto das discussões a respeito das eleições venezuelanas realizadas no último dia 28 de julho”, reclama a AGU.

A nota da AGU diz que “o pedido de remoção fundamentou-se na gravidade da conduta, já que tem o efeito de confundir a população sobre a posição do Estado brasileiro a respeito das eleições venezuelanas”. Mas o efeito foi confundir ou esclarecer?

Assista aos vídeos original e manipulado:

Não condiz com a realidade?

“Por meio da Procuradoria Nacional de Defesa da Democracia (PNDD), a AGU demonstrou que os conteúdos tratam-se de desinformação, pois manipula fatos que não condizem com a realidade, possivelmente com auxílio de inteligência artificial”, argumenta o governo Lula.

A AGU destaca ainda que “o cumprimento das duas autoridades, que serviu como base para a manipulação da mídia, ocorreu em outro contexto, quando da realização da missão de observação do Brasil no processo de votação no país vizinho”.

A Advocacia-Geral da União diz ainda que, caso não seja acatado o pedido de remoção, “que os vídeos sejam marcados com informação de que foram gerados por inteligência artificial”. Esse é o trecho mais razoável da nota da AGU, que já destacou que o X rotulou o vídeo em questão como “mídia manipulada”.

Nem tanto, AGU

De fato é preciso tomar cuidado com conteúdos de vídeo manipulados, porque, muito mais do que no caso de fotos, ele pode levar ao engano. Cabe, portanto, a quem quiser publicar sátiras como essa, deixar bem claro que aquilo se trata de manipulação, para preservar a essência da provocação ao diminiur o risco de espalhar desinformação.

A AGU exagera, contudo, ao dizer que o vídeo que amplifica o afeto físico entre Amorim e Maduro “manipula fatos que não condizem com a realidade“. Essa manipulação em particular incomoda ao governo Lula exatamente porque exprime fielmente o clima entre o Itamaraty paralelo de Amorim e a ditadura venezuelana, como faria uma caricatura.

Em sua argumentação, a AGU diz que “sobre as eleições na Venezuela, em nota conjunta assinada com a Colômbia e com o México, o Brasil fez um ‘um chamado às autoridades eleitorais da Venezuela para que avancem de forma expedida e divulguem publicamente os dados desagregados por mesa de votação'”, e acrescenta que “diversos outros países também manifestaram posição similar sobre o processo eleitoral no país vizinho”.

Cúmplices

O que o governo Lula não disse nessa nota é que o Brasil adotou postura diferente da de países como Estados Unidos, Argentina e Uruguai, entre outros que reconheceram a vitória do opositor Edmundo González Urrutia na eleição de 28 de julho.

A AGU também omitiu convenientemente o fato de que Amorim foi um dos únicos observadores internacionais tolerados por Maduro no fim de semana da votação, enquanto ex-presidentes latino-americanos e parlamentares espanhóis foram barrados em aeroportos. O tratamento diferente teria como motivo a expectativa de que Amorim não denunciaria uma fraude?

Além disso, mais de uma semana após a consumação da farsa eleitoral de Maduro, o governo Lula mantém um discurso de confiança nas instituições venezuelanas, mesmo diante da prisão de opositores, de mortes de manifestantes e do discurso irredutível e fantasioso do ditador venezuelano.

O abraço físico entre Amorim e Maduro não foi tão afetuoso quanto sugere o vídeo manipulado, mas não se pode dizer o mesmo sobre o abraço político entre o governo Lula e a ditadura venezuelana.

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Rodolfo Borges

Rodolfo Borges é jornalista formado pela Universidade de Brasília (UnB). Trabalhou em veículos como Correio Braziliense, Istoé Dinheiro, portal R7 e El País Brasil.

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