A briga de Marçal e Bolsonaro: como no filme, só pode haver um A briga de Marçal e Bolsonaro: como no filme, só pode haver um
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A briga de Marçal e Bolsonaro: como no filme, só pode haver um

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Ricardo Kertzman
3 minutos de leitura 09.09.2024 10:50 comentários
Análise

A briga de Marçal e Bolsonaro: como no filme, só pode haver um

A lógica dos neofundamentalistas da política brasileira é essa. Não há espaço para deuses no monoteísmo político de Banânia

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A briga de Marçal e Bolsonaro: como no filme, só pode haver um
Reprodução/Twitter/pablomarcal

Praticamente nove em cada dez brasileiros (89%) acreditam em Deus, segundo a pesquisa Global Religion 2023, produzida pelo instituto Ipsos no ano passado. Isso coloca o Brasil no topo de um ranking de 26 países pesquisados.

O mesmo levantamento mostrou que 70% dos brasileiros acreditam em Deus exatamente como descrito nos livros religiosos – Bíblia, Corão, Torá etc. -, e que 19% acreditam em “uma força superior”; não especificamente em Deus.

Porém, se 89% dos entrevistados no Brasil disseram acreditar em Deus – ou em um poder superior equivalente -, diminui para 76% o número de fieis que afirmam seguir e praticar uma religião cotidianamente, sempre segundo o estudo.

Teocracia x Democracia

Não surpreende, portanto, o crescimento contínuo – já há décadas – das bancadas religiosas nos parlamentos brasileiros, notadamente a chamada “Bancada Evangélica”, no Congresso Nacional. A fé, além de montanhas, move votos.

A cada frustração com o Estado e a cada expectativa não correspondida pelos “políticos tradicionais”, a despeito de tanto investimento pessoal (trabalho duro) em uma vida melhor, o brasileiro caminha em direção à crença em um salvador.

Neste momento, a política e o império das leis – ou seja, a própria democracia -, passam a ser relativizados em prol de religião e crença. Se a primeira opção mostrou-se incapaz, talvez a segunda (teocracia) funcione, arrisca o eleitor desiludido.

Messias e fundamentalismo

Não são à toa, portanto, os messiânicos de turno (Bolsonaro), e nem tão de turno assim (Lula), já que velhacos na exploração da fé e da esperança como política. E o mais novo Messias, Pablo Marçal, vem com um elemento extra: o culto à prosperidade.

Enquanto ele tiver chances, eu vou apoiá-lo, porque sei que foi Deus que o levantou. Não é sobre Pablo e Bolsonaro, e, sim, a libertação e a prosperidade de um povo“, profetizou o candidato à Prefeitura de São Paulo, na Avenida Paulista, em 7 de setembro.

Marçal expõe sua fortuna – adquirida de maneira pouco transparente e comum -, que promete ser acessível a todos: basta querer e orar que Deus a trará! Ao mesmo tempo, investe na mais virulenta agressividade, tornando todos verdadeiros inimigos.

Só pode haver um

E quando digo todos, não é exagero meu. Marçal “abre fogo” também contra expoentes do mesmo espectro ideológico e religioso, pois um monoteísta que se preza só admite a si mesmo como o único deus – no caso, Deus.

Uma franquia famosa de Hollywood – fotografia e trilha sonora impecáveis -, Highlander (1986-1994), contava a história de um imortal que ultrapassava os séculos. Connor Macleod, a cada cabeça que decepava, gritava: “There can be only one”.

A lógica de Marçal, ou melhor, de todos os neofundamentalistas da política brasileira, é essa mesma: só pode haver um! Não há espaço para deuses no monoteísmo político de Banânia. A ver qual deles prevalecerá. Que Deus – e não o deles! – nos ajude.

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